Campo das Cebolas também vai ser Largo José Saramago

Parte da zona que é conhecida como Campo das Cebolas passará a ter o nome do escritor, duas décadas após ter sido galardoado com o Prémio Nobel da Literatura. Medina garantiu ainda que o Martim Moniz não será vedado.

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Em 2011, foi transplantada uma oliveira centenária da terra Natal de Saramago, Azinhaga, para o Campo das Cebolas, onde foram depositadas também parte das cinzas do escritor joana freitas

A zona que é popularmente conhecida como Campo das Cebolas vai mudar de nome, passando a designar-se Largo José Saramago. No ano em que se cumprem duas décadas da atribuição do Prémio Nobel da Literatura ao escritor, a área envolvente à Casa dos Bicos, e até à frente ribeirinha, terá o nome do escritor. 

De acordo com a proposta subscrita pela vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto, que foi discutida esta quarta-feira em reunião pública do executivo, e aprovada com os votos contra do PSD e do CDS, o nome do Nobel designará o espaço entre a Rua dos Bacalhoeiros, a Rua Infante Dom Henrique, que é atravessado ainda pela Rua da Alfândega.

Segundo explicou o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, este largo, ao contrário do que é popularmente conhecido, não está registado na toponímia da cidade como Campo das Cebolas, apesar de a própria câmara, na requalificação recentemente que fez naquele local, o ter denominado assim. 

A proposta já foi apreciada pela Comissão Municipal de Toponímia que deu o seu aval. Para a vereadora do PCP, Ana Jara, esta é “uma forma positiva de homenagear José Saramago no sítio onde se encontra a oliveira que veio da sua terra natal e as suas cinzas que estão depositadas naquele espaço”.

No entanto, as opiniões dentro do executivo dividem-se. Foi do vereador social-democrata João Pedro Costa que se ouviram as críticas mais acesas à atribuição do nome de José Saramago àquele espaço que os lisboetas chamam de Campo das Cebolas. Para o social-democrata, este espaço “não faz justiça ao nome do homenageado”, sendo um “substancial desrespeito à história da cidade”, já que o Campo das Cebolas é uma referência que remonta a “tempos imemoriáveis”, estando referido em documentos anteriores ao terramoto de 1755. 

“A figura de José Saramago merece que o seu nome seja atribuído a um espaço que não fique subjugado a um nome mais forte, com peso na história que o releve para segundo plano”, disse João Pedro Costa. São disso exemplos o Rossio, que tem, na verdade, o nome de Praça D. Pedro IV, do Areeiro, que é Praça Francisco Sá Carneiro, ou Largo do Caldas, que é Largo Adelino Amaro da Costa. 

Para o vereador do CDS João Gonçalves Pereira, que também votou contra a proposta, o nome do escritor deveria ser atribuído a um “equipamento educativo ou cultural municipal”. 

Fernando Medina lembrou ainda que a atribuição do nome do escritor ao largo vem sendo trabalhada “há muito tempo com os familiares e com a Fundação José Saramago”, de quem diz ter partido a ideia de imortalizar o nome do Nobel naquele espaço. 

Martim Moniz não será vedado

Na mesma reunião foi aprovada uma moção apresentada pelo Bloco de Esquerda sobre o novo projecto de requalificação da praça do Martim Moniz, que pede aos serviços jurídicos da câmara de Lisboa que analisem o contrato com o concessionário em vigor, “para que seja apurada a existência de eventuais irregularidades no seu cumprimento”. 

O projecto, que prevê a substituição dos quiosques da praça por contentores que albergarão espaços comerciais, tem sido amplamente contestado, quer por moradores, quer por outras forças políticas.

Os bloquistas pedem ainda que o município “interceda junto da concessionária, no sentido de o projecto responder ao interesse público e, como tal, seja elaborado, tendo por base o seguinte: Incluir uma praça aberta ao público permanentemente, sem muros ou vedações, bem como espaços com sombra e bancos públicos independentes de espaços comerciais”.

Este ponto gerou alguma discussão durante a reunião, tendo recebido, ao contrário dos restantes pontos que foram aprovados por unanimidade, aprovado com os votos contra do PSD, CDS e PCP que defenderam que a autarquia não pode deixar nas mãos de privados o desenho dos espaços públicos da cidade.

"Não irá existir nenhuma vedação entre contentores à noite. Essa questão está resolvida", garantiu Fernando Medina. O autarca repetiu o que o vereador Manuel Salgado já dissera: que tanto a câmara, como o concessionário estão abertos a repensar o projecto. E afirmou que esta ideia de alteração da praça não partiu da própria autarquia. Foi sim uma proposta que lhes foi apresentada “e que coincidiu com a vontade da câmara” de reconfigurar aquele espaço. 

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