Emissões de CO2 sobem pela primeira vez em quatro anos
Os resultados das emissões de gases com efeito de estufa estão muito aquém das metas definidas (e necessárias) para cumprir o Acordo de Paris, diz a ONU – que pede aos governos que sejam mais ambiciosos para travar este aumento.
As emissões de dióxido de carbono (CO2) aumentaram pela primeira vez em quatro anos (depois de três anos a descer), revela um relatório das Nações Unidas divulgado nesta terça-feira, em Paris.
Na publicação, a ONU reitera que os governos devem ser cada vez mais ambiciosos para fazerem valer o compromisso ambiental, devendo triplicar os seus esforços para conseguir cumprir as metas estabelecidas no Acordo de Paris, que parecem cada vez mais utópicas.
O objectivo deste relatório anual é precisamente acompanhar e ver em que ponto vai o Acordo de Paris. A missão deste acordo é fazer com que a comunidade internacional se comprometa a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e, com isso, limitar a subida da temperatura bem abaixo dos dois graus Celsius em relação aos níveis pré-industriais. Se a comunidade internacional não conseguir atingir o proposto até 2030, “é extremamente improvável que a meta dos dois graus possa vir a ser alcançada”, conclui-se no relatório. Por este andar, lê-se, haverá um aumento de 3,2ºC até ao final deste século.
No acordo internacional está também prevista a tentativa de limitar o aumento da temperatura a 1,5 graus Celsius em relação aos níveis pré-industriais, algo que os investigadores responsáveis pelo relatório dizem ser cada vez menos exequível. O compromisso foi acordado em 2015 entre 195 países, mas os Estados Unidos anunciaram no ano passado – pela voz do Presidente Donald Trump – a sua intenção de sair do acordo.
O relatório explica que nos últimos anos de estagnação económica foi possível reduzir as emissões, mas refere que este aumento registado em 2017 vem precisamente de mão dada com o crescimento da economia de alguns países. Os Estados Unidos, o Canadá, a África do Sul e a Arábia Saudita são alguns dos países que não estão a cumprir as suas metas.
“A ciência é clara; e os governos têm de agir rapidamente e com maior urgência. Estamos a alimentar este fogo enquanto os meios para o apagar estão ao nosso alcance”, disse em comunicado a directora-adjunta do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (responsável pelo relatório), Joyce Msuya.
Esta é a nona edição do Relatório sobre a Disparidade nas Emissões da ONU – aqui a disparidade refere-se aos níveis de emissões previstos para 2030 e aqueles que deverão vigorar para se conseguir o objectivo relativo aos dois e 1,5 graus Celsius. O relatório é publicado a menos de uma semana do início do Congresso das Nações Unidas (COP24) sobre alterações climáticas, que decorrerá de 2 a 14 de Dezembro na cidade polaca de Katowice.