Criada uma vacina contra poliomielite que não precisa de refrigeração

Experiências em ratinhos mostraram que a nova vacina se manteve estável durante um mês à temperatura ambiente.

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Campanha de vacinação de três dias no Iémen lançada pela OMS: centro de saúde de Sana'a esta terça-feira YAHYA ARHAB/EPA/LUSA

Uma equipa de cientistas criou uma vacina injectável contra a poliomielite que não necessita de refrigeração e se revelou eficaz em ratinhos, foi publicado esta terça-feira na revista científica de acesso livre mBio.

Desenvolvida por uma equipa da Universidade do Sul da Califórnia (Estados Unidos), a vacina foi liofilizada (desidratada) num pó, mantida a temperatura ambiente durante um mês e depois reidratada. Nestas condições, a vacina ofereceu protecção total contra o vírus da poliomielite quando testada em ratinhos, refere a universidade em comunicado.

Caso seja eficaz em humanos, a vacina pode ser particularmente útil nos países menos desenvolvidos, onde a sua refrigeração nem sempre é viável. Através da liofilização, já foram criadas vacinas “estáveis”, em termos de temperatura, contra o sarampo, a febre tifóide e a meningite. Mas, até agora, os cientistas não tinham conseguido fazer uma vacina para a poliomielite que mantivesse a sua eficácia usando a liofilização e a reidratação.

“A estabilização não uma ciência inacessível, por isso muitos académicos não dão atenção a este campo”, considera o primeiro autor do artigo, Woo-Jin Shin, que trabalha no laboratório de Jae Jung, coordenador do Departamento de Microbiologia Molecular e Imunologia da Faculdade de Medicina Keck da Universidade do Sul da Califórnia. “No entanto, por mais maravilhoso que seja um fármaco ou uma vacina, se não forem suficientemente estáveis para ser transportados, não servirão de grande coisa”, refere ainda Woo-Jin, citado no comunicado de imprensa.

A poliomielite é uma doença infecciosa que incide nas crianças e pode levar à paralisia. Apesar de ser uma doença praticamente erradicada no mundo – foram reportados 22 casos em todo o mundo em 2017, – registaram-se casos recentes de poliomielite na Nigéria, Papuásia-Nova Guiné, Síria e no Paquistão. Em Portugal, a vacina da poliomielite é administrada em quatro doses a crianças com dois, quatro, seis meses e cinco e seis anos.

Agora, Woo-Jin Shin espera que uma fundação ou empresa se interesse pelo projecto, para pagar os ensaios clínicos necessários e ponha esta vacina injectável no mercado – para que a poliomielite seja finalmente uma doença erradicada na Terra.