Marcelo pede respostas rápidas sobre Borba. Justiça lenta "acaba por não ser justa"

"Parece evidente que há uma responsabilidade objectiva" do Estado, diz o Presidente da República.

Foto
José Coelho/Lusa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse este domingo que "há um tempo útil para apuramento de responsabilidades" no desastre de Borba, mas admitiu que "justiça que é muito lenta acaba por não ser justa".

"Eu espero que também não demore muito tempo a apurar porque os portugueses há uma coisa que têm muito presente: é que há um tempo útil para apuramento de responsabilidades e que justiça que é muito lenta acaba por não ser justa", afirmou.

O chefe de Estado, que falava à margem da cerimónia de entrega à Universidade da Beira Interior do Prémio Manuel António da Mota, no Porto, reiterou que, no caso de Borba, "parece evidente que há uma responsabilidade objectiva" do Estado ainda que, depois, se possam apurar responsabilidades mais "específicas".

"Parece evidente que há uma responsabilidade objectiva no sentido em que, quando uma estrada que é uma responsabilidade pública cai e há vítimas mortais, pois é natural que haja responsabilidade civil objectiva perante os familiares dessas vítimas. Saber depois qual é a entidade que é especificamente responsável por aquilo que aconteceu é isso que vai ser apurado", defendeu.

O comandante distrital de Operações de Socorro (CODIS) de Évora afirmou este domingo que devem ser "moderadas" as expectativas de encontrar desaparecidos no decorrer das operações na pedreira atingida pelo deslizamento de terras e colapso de estrada em Borba.

O comandante, que falava aos jornalistas no decorrer de uma conferência de imprensa na Câmara de Borba, um dia após ter sido resgatado o corpo do segundo trabalhador, sublinhou que o empenho das diversas entidades envolvidas na operação se "mantém elevado".

José Ribeiro acrescentou ainda que, nesta altura, as autoridades desconhecem a localização das duas viaturas que foram arrastadas para a pedreira na sequência do colapso da estrada.

Além de dois mortos confirmados, o maquinista e o auxiliar da retroescavadora, há registo de três desaparecidos na zona, segundo as autoridades locais, que viajavam num automóvel e numa carrinha de caixa aberta que foram arrastados para dentro da pedreira quando passavam na estrada que ruiu.

O deslizamento de um grande volume de terras e o colapso de um troço da estrada entre Borba e Vila Viçosa, no distrito de Évora, para o interior de poços de pedreiras ocorreu na segunda-feira passada às 15h45.