Os 90 minutos que vão parar a América do Sul

River Plate e Boca Juniors, eternos rivais de Buenos Aires, disputam, este sábado, a final mais apaixonada da Taça Libertadores da história.

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Adeptos apostam tudo na vitória da Libertadores MARCOS BRINDICCI / REUTERS

A espera chegou ao fim: o clássico mais escaldante voltou em força. Este sábado, River Plate e Boca Juniors vão lutar com unhas e dentes pela Taça Libertadores, maior competição de clubes da América do Sul. A primeira mão da final terminou empatada (2-2) mas, como a regra do golo fora não se aplica, o vencedor da “Champions” americana será o vencedor do encontro no Monumental de Núñez, reduto do River Plate.

Se analisarmos o derby de Buenos Aires do ponto de vista anímico, os “milionários” levam ligeira vantagem sobre os vizinhos: conseguiram anular, por duas vezes, uma desvantagem no primeiro encontro e, para o campeonato, levaram de vencido o Boca Juniors no La Bombonera por 2-0. Mas, nestes clássicos, cada jogo é um jogo e haverá, certamente, incerteza até ao apito final.

Treino com 50 mil nas bancadas  

“E dá alegria, alegria ao meu coração. A copa Libertadores é a minha obsessão”: o cântico pertence aos adeptos do River Plate mas a mensagem é transversal aos clubes argentinos. A Libertadores é o sonho de todos os emblemas e isso ficou bem explícito quando 50 mil adeptos do Boca Juniors se deslocaram ao La Bombonera no último treino da equipa, como forma de injectar motivação nos jogadores de um emblema que já conquistou a competição por seis vezes.

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Adeptos lotaram estádio no último treino antes do encontro decisivo MARCOS BRINDICCI / REUTERS

Os adeptos do River fizeram algo de semelhante no jogo da primeira volta, marcando presença em peso na partida do autocarro dos “milionários” para o encontro no estádio rival. Os 66 mil ingressos para o jogo deste sábado esgotaram minutos após terem sido colocados à venda, mostrando a confiança dos adeptos na conquista da quarta Taça Libertadores.

Bolas paradas causam preocupação

Ambos os técnicos procurarão corrigir os aspectos menos positivos do encontro da primeira mão. Tanto para Marcelo Gallardo, técnico do River, como para Guillermo Schelotto, do Boca, as bolas paradas serão uma das principais preocupações. Ambas as equipas sofreram golos na sequência de livres frontais, onde falhas de marcação ditaram o insucesso defensivo.

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Adeptos adversários não são permitidos na final MARCOS BRINDICCI / REUTERS

Após uma seca que se prolongou por 339 dias, Darío Benedetto, avançado do Boca Juniors, foi fundamental na eliminação do Palmeiras nas meias-finais da Libertadores. Nos dois jogos marcou três golos ao emblema brasileiro, numa equipa que também contou com Carlos Tévez, antigo jogador do Manchester City. Nos “milionários”, o grande ausente será o avançado Rafael Borré, por castigo, que poderá dar lugar a Rodrigo Mora, de 31 anos, que soma dois golos em oito partidas. 

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Momento raro de cordialidade entre os rivais MARCOS BRINDICCI / REUTERS

O futebol português não é estranho a alguns dos jogadores que pisarão o Monumental. No lado do River Plate, Enzo Pérez e Mora, ex-Benfica, e Juan Quintero, emprestado pelo FC Porto aos “milionários”, serão o elo de ligação entre uma final e um país que contrata vários jovens prodígios dos clubes sul-americanos.

Relato próprio para cardíacos e o caso “Riber”    

A paixão dos hinchas já é bem conhecida nos quatro cantos do mundo. Como os 180 minutos da final são carregados de emoções para milhões de argentinos, uma rádio — em parceria com a Sociedade Argentina de Cardiologia — decidiu criar um relato próprio para cardíacos, para não sobressaltar os corações mais frágeis. O locutor fala pausadamente, sem gritos, com uma melodia calma a acompanhar o relato.

Leo Uranga, jornalista responsável pelo relato do jogo, admitiu, em entrevista ao jornal desportivo argentino Olé, a dificuldade em conter a emoção característica a um relato de futebol: “Para mim foi muito complicado. Nos golos tive de me conter, queria gritar desafogadamente. Sou um locutor muito apaixonado e visceral. Todos sabiam que a qualquer momento me ‘saltaria a tampa’ e agarraria o ritmo de um relato convencional. Porém, por sorte minha, [os colegas] ajudaram a conter-me”.

Bem menos pacífica do que o relato de Leo Uranga foi a troca de provocações entre os departamentos de comunicação dos gigantes argentinos. No início da semana, o Boca Juniors partilhou um vídeo motivacional em que relembrava alguns dos golos mais importantes frente ao rival. Nas legendas, alguém cometeu o erro de escrever ‘Riber’, em vez de River. O lapso foi rapidamente detectado e enfureceu os adeptos dos “milionários”, que acusaram os vizinhos de gozarem com a descida do River à divisão B, em 2011.

A guerra de palavras incendiou um derby que, à imagem da primeira mão, não contará com adeptos visitantes nas bancadas, como forma de evitar confrontos que se verificaram em partidas anteriores. O pontapé inicial será dado às 20h portuguesas e terá transmissão na SportTV 5.    

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