Medicina: para os estudantes a nova prova de acesso à especialidade é mais prática mas o tempo é reduzido

Em 2019, os recém-formados em Medicina vão fazer a primeira Prova Nacional de Acesso à Formação Especializada que vem substituir o "Harrison", que já se realizava há quatro décadas. Esta sexta-feira, 23 de Novembro, mais de mil estudantes de Medicina fizeram a prova-piloto do novo modelo.

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Os estudantes de Medicina do Porto fizeram a prova-piloto no Seminário do Vilar Teresa Pacheco Miranda
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A nova prova visa o raciocínio clínico Teresa Pacheco Miranda
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Mais de mil estudantes fizeram o piloto da PNA Teresa Pacheco Miranda

Uma vez encerrado um capítulo na história da Medicina em Portugal, é tempo de desbravar caminhos, ou seja, virar as atenções para a nova Prova Nacional de Acesso à Formação Especializada (PNA). Deposto o exame baseado num único tratado médico – o "Harrison" – há já uma semana, esta sexta-feira, foi feita a prova-piloto da PNA. No Porto, foram mais de 500 os futuros médicos que quiseram testar os próprios conhecimentos na área.

Braga, Coimbra, Covilhã, Lisboa e Porto foram as cidades onde estudantes – no total, 1413 – de diferentes anos do curso de Medicina puderam conhecer a prova-piloto da PNA dos próximos anos. O exame tem a duração de quatro horas e está dividido em duas partes, com um intervalo de uma hora a meio. Nesse mesmo interregno alguns estudantes falavam, na Casa Diocesana Seminário do Vilar – onde se realizou a prova-piloto no Porto – sobre a mudança.

“Com a prova de seriação baseada no Harrison ficaria mais preocupado porque seria mais difícil alcançar uma nota que me deixasse ter a especialidade que eu quero”. Diogo Costa, de 23 anos, frequenta o sexto ano do curso de Medicina e é, por isso, finalista e um dos futuros médicos que vai, pela primeira vez, conhecer o novo modelo de acesso à especialidade. Diogo vê a mudança com bons olhos, como acontece entre a maioria da comunidade médica. No entanto, o tempo da prova é reduzido “para responder a tantas perguntas com enunciados e vinhetas clínicas demasiado longas”, evidencia.

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Diogo Costa vai realizar, em 2019, o novo modelo de prova mas acredita que o tempo para a fazer é reduzido. Teresa Pacheco Miranda

150 perguntas

O sentimento é geral: apesar de estarem previstas quatro horas para a realização do exame, as 150 perguntas que o constituem assustam quem o faz. Contudo, a ideia de um exame renovado traz esperança aos que procuram ter vaga na especialidade pretendida. Para Diogo, o "Harrison" já era um exame “com perguntas nada pertinentes e que não são adequadas à vida e prática clínica”.

Já Tatiana Moreira, também do sexto ano de Medicina, classifica o antigo modelo como “tóxico”. “As notas eram altíssimas e já não dava para distinguir entre os bons alunos, era só marrar”, remata. Tal como Diogo, Tatiana aponta a falta de tempo como um ponto negativo no novo modelo. “Não dá tempo para ler com olhos de ver. Há pormenores que estão lá e não interessam, mas nós temos que ler tudo para perceber se interessam ou não”, explica.

Perceber como estudar para o exame que vai realizar em 2019 foi o objectivo que levou Tatiana a experimentar esta prova-piloto. “Agora, que ainda falta um ano inteiro, podemos fazer alguma coisa por isto [a própria formação]”, reforçou a estudante.

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Tatiana Moreira fez a prova piloto para perceber como estudar para o novo modelo. Teresa Pacheco Miranda

"Acalmar os ânimos"

A gestão do tempo torna-se crucial na Prova Nacional de Acesso à Formação Especializada e há até quem não seja finalista e, que mesmo assim, já se esteja a preparar para o que vai encontrar quando for a sua vez de concorrer ao internato médico. É o caso de Bárbara, de 24 anos, que frequenta o quarto ano do ciclo de estudos de Medicina. “Vim para acalmar os ânimos porque está toda a gente um bocado aflita sobre o que aí vem”, sustentou.

A completar pouco mais de metade do curso, a estudante não estudou, ainda, todas as especialidades que a prova abrange. Porém, afirma que “dava para entender [perguntas relativas a essas mesmas especialidades que ainda não foram abordadas durante o ciclo de estudos] e, com as noções do quarto ano, uma pessoa já conseguia raciocinar, não era só decorar”.

A participação na prova-piloto da PNA foi voluntária e privilegiou os finalistas do curso de Medicina – os alunos do sexto ano. Além destes, puderam voluntariar-se os candidatos ao internato médico de 2019 e os alunos do quarto e do quinto ano daquele ciclo de estudos, bem como alunos que estejam a frequentar esse mesmo ciclo em estabelecimentos de ensino superior no estrangeiro.

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