A vitória foi a única boa notícia para o Benfica

Golo de Rafa no tempo de compensação dá apuramento para os oitavos-de-final da Taça de Portugal aos “encarnados”. Arouca esteve a ganhar e não andou longe da surpresa.

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LUSA/ANTONIO COTRIM

Era um jogo a meio de uma semana de Inverno contra um adversário de segunda divisão. Não havia muita gente nas bancadas da Luz para um encontro que não se esperava que tivesse grande história, com o favoritismo todo do lado do Benfica, que pretendia usar esta eliminatória da Taça de Portugal, frente ao Arouca, como relançamento de uma época que não tem corrido nada bem. No final dos 90 minutos, mais descontos, passou o favorito. Os “encarnados” ganharam por 2-1, mas esta vitória, da forma como aconteceu, não tranquiliza ninguém, nem serve para moralizar uma equipa ou galvanizar adeptos. Pelo contrário.

Com a proximidade de um decisivo jogo europeu, e com a teórica superioridade perante um adversário de escalão inferior, Rui Vitória fez aquilo que muitos fazem no seu lugar, apresentou uma equipa de segundas escolhas e temperada com alguns titulares habituais. Jogadores como Svilar, Alfa Semedo, Conti ou Krovinovic (de regresso à actividade após dez meses de ausência) tinham a sua oportunidade ao lado dos indiscutíveis Jonas, Seferovic, Rúben Dias e Grimaldo.

Pensaria o técnico do Benfica que talvez fosse uma equação para resolver cedo frente a um Arouca que já não é uma equipa de primeira desde 2017. Em todos os jogos anteriores na Luz, o Arouca só tinha conhecido a derrota, mas percebeu-se que queria algo mais neste jogo de Taça, assente numa boa estratégia defensiva e de aproveitamento dos espaços concedidos por um adversário composto por jogadores pouco habituados a actuar juntos.

Depois de 19 minutos em que o melhor que se viu foi um livre directo de Jonas, o Arouca aproveitou um desses momentos em que se abriu um buraco no meio-campo “encarnado” (e outro na defesa) para desferir um golpe certeiro. Thales conseguiu meter a bola em Didi, que aproveitou um incrível falhanço de Conti (mais um) para fazer o passe para Bukia, que entrava pelo flanco esquerdo. Com a bola bem a jeito, o congolês arrancou um remate cruzado de trivela. Svilar só mexeu a cabeça para ver a bola entrar na baliza.

A melhor reacção que o Benfica podia ter tido ao golo sofrido era marcar de imediato e isso esteve perto de acontecer. Praticamente na jogada seguinte, Seferovic teve o golo do empate nos pés após passe de Jonas, mas o suíço falhou o alvo quando só tinha Rui Vieira pela frente. Pouco antes do intervalo, a conexão suíço-brasileira no ataque “encarnado” daria frutos. Num contra-ataque, Seferovic avançou pela esquerda e fez o passe perfeito para Jonas igualar aos 42’, em mais uma enorme prova de eficácia do “Pistolas”, que esteve a um pequeno passo de sair da Luz para dar lugar a dois avançados, Castillo e Ferreyra, com um golo marcado entre os dois.

Com o resultado nivelado, o Benfica tinha ainda mais de meio jogo para se tranquilizar com uma exibição convincente e uma vitória a condizer, mas isso não aconteceu. Para a segunda parte já não voltou Krovinovic, substituído por Rafa, em campo com a missão de dar mais velocidade ao ataque. A entrada em campo do internacional português, que teve uma boa ocasião aos 59’ (uma bola tirada em cima da linha por Deyvison), viria a decidir o jogo, mas até o ter feito, ao terceiro minuto da compensação, este Benfica de segundas escolhas foi o que já tinha sido o Benfica com o “onze” de gala, nervoso e a deixar os adeptos nervosos.

O Arouca só fazia o que lhe competia, aguentar e esperar por uma oportunidade. Quase que teve um prémio para a sua paciência aos 83’, com Adílio a permitir a Svilar a defesa da noite, e no lance seguinte, com um toque de calcanhar detido pelo guardião belga. Quando tudo parecia lançado para o prolongamento, aos 90+3’, João Félix arrancou um cruzamento, Jonas deu o toque de cabeça e, ao segundo poste, Rafa aproveitou uma saída imprudente de Rui Vieira para marcar o golo da vitória. Mas ouviram-se mais assobios que palmas.

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