Projecto para o Miradouro de Sta. Catarina contratado no início de Novembro

Os signatários de duas petições já viram alguns desenhos da intervenção no miradouro, onde consta um gradeamento.

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Andreia Patriarca

A Câmara de Lisboa contratou ao atelier de arquitectura Proap o novo projecto de obras para o Miradouro de Santa Catarina. Trata-se do mesmo gabinete que desenhou a profunda requalificação que aquele espaço teve em 2013. O contrato, disponível no portal da contratação pública (Base), tem a data de 2 de Novembro, cerca de quatro meses depois de o miradouro ter fechado ao público.

Apesar deste desfasamento, Fernando Medina garantiu ao PÚBLICO que o projecto está a ser preparado há algum tempo. Os primeiros desenhos já foram, aliás, mostrados aos representantes de duas petições sobre o tema, numa reunião que se realizou na sexta-feira passada em que esteve presente o próprio Medina.

“Foi bom. É possível irmos percebendo-nos uns aos outros”, comentou o autarca. Para esta quinta-feira está marcada uma nova reunião com os mesmos intervenientes e, desta vez, também com a PSP.

O contrato com a Proap, por ajuste directo, tem um custo de 17,8 mil euros para os cofres da autarquia e um prazo de execução de 455 dias, divididos por quatro fases distintas. A participação dos projectistas só terminará quando a obra estiver pronta. Contando 455 dias a partir de 2 de Novembro de 2018 obtém-se a data de 2 de Fevereiro de 2020, o que pode dar uma ideia de que só aí a intervenção estará concluída. O PÚBLICO procurou contactar a Proap, mas esta terça-feira nenhum responsável do atelier estava disponível.

No encontro da semana passada, os proponentes de ambas as petições voltaram a esgrimir argumentos sobre a anunciada intenção de vedar o miradouro. Vigília Santos, primeira signatária de uma petição de moradores que defende essa solução, saiu satisfeita pois os desenhos apresentados mostram um gradeamento. “Eles vão ter em atenção os problemas que temos tido até aqui”, afirmou a residente, referindo-se ao que diz ser uma utilização caótica do miradouro, gerando graves problemas de insegurança e higiene urbana. “Ficámos calmos. Aquilo não vai voltar ao que era antigamente, mas pelo menos vai ser um miradouro onde as pessoas podem estar sem ser agredidas.”

O movimento “Libertem o Adamastor!” contra-argumenta que não será a vedação a resolver tais questões. “A atitude da câmara é tentar convencer-nos, mas a nossa ideia é prolongar a discussão o mais possível”, disse Manuel Pessôa-Lopes, que, com outras duas pessoas, representou este grupo, que acusa a câmara de querer ‘privatizar’ o espaço.

Fernando Medina mostrou-se disponível para encontrar uma solução que não implique a vedação física do espaço público, mas avisou que não abdica de criar momentos de descanso no miradouro, defendendo que também os moradores precisam de descansar.

Segundo o presidente da câmara, a estas duas reuniões de trabalho seguir-se-á uma outra, promovida pela Junta de Freguesia da Misericórdia, destinada a apresentar o projecto final publicamente e a submetê-lo à discussão. Ainda não há data para esse debate. No miradouro, o gradeamento e as lonas verdes já se tornaram parte da paisagem.

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