Haddad constituído arguido por corrupção passiva e lavagem de dinheiro
Candidato presidencial do PT é acusado de ter recebido 2,6 milhões de reais (mais de 600 mil euros) de uma construtora que serviriam para pagar dívida a uma gráfica relativa à campanha eleitoral para a câmara de São Paulo em 2012.
Fernando Haddad, que foi candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) nas eleições presidenciais, foi constituído arguido pela Justiça de São Paulo sendo acusado dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Haddad é acusado de ter solicitado, entre Abril e Maio de 2013, o pagamento de três milhões de reais (mais de 700 mil euros) à empreitara UTC Engenharia para pagar uma dívida a uma gráfica propriedade de Francisco Carlos de Souza, ex-deputado estadual do PT, relativamente a uma prestação de serviços durante a campanha eleitoral para a autarquia paulista.
Na época dos acontecimentos, Fernando Haddad era presidente da câmara de São Paulo, e o pedido de pagamento terá sido feito pelo então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que foi condenado a mais de 40 anos de prisão no âmbito da Operação Lava-Jato.
O Ministério Público sustenta que, entre Maio e Junho desse ano, a maioria desse montante, nomeadamente 2,6 milhões de reais (mais de 600 mil euros), pagos pela UCT, foram para Haddad.
Foi o juiz Leonardo Valente Barreiros que aceitou parcialmente a acusação do Ministério Público, tendo retirado o crime de associação criminosa.
Além de Haddad e Vaccari, foram ainda constituídos arguidos o empresário Ricardo Pessoa e Walmir Pinheiro Santana, ambos da UTC, o “doleiro” Albert Youssef — suspeito de ter sido quem fez a intermediação dos pagamentos —, e o dono da gráfica envolvida no processo.
“Ocorre que a solicitação de três milhões teria sido atendida. Sendo assim, Ricardo Pessoa a prometeu e ofereceu directamente para João Vaccari Neto e indirectamente para Fernando Haddad”, diz o juiz na sua decisão, citado pelo Estadão, referindo que Haddad e Pessoa encontraram-se várias vezes durante a campanha de 2012.
O candidato do PT às eleições presidenciais de Outubro e o seu partido tinham já desmentido as acusações. Nesta segunda-feira, em reacção à decisão judicial, a assessoria de Haddad disse apenas à Globo que "a denúncia é mais uma tentativa de reciclar a já conhecida e descredibilizada delação de Ricardo Pessoa".
Em Maio a justiça eleitoral tinha já acusado Haddad de ter utilizado um “saco azul” para receber os 2,6 milhões de que fala agora o Ministério Público paulista, acusando-o de crime eleitoral. Na altura, o ex-presidente da câmara de São Paulo foi condenado a devolver este montante em troca do encerramento do processo.