Urgências evitáveis passam a contar para avaliação de centros de saúde em 2019

Indicador começará a ser contabilizado no próximo ano. Objectivo é que os centros de saúde contribuam para retirar dos hospitais os episódios que são considerados como urgências evitáveis.

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gmw guilherme marques

Os episódios de urgência evitáveis e o recurso frequente às urgências hospitalares vão passar a ser indicadores que avaliam o desempenho dos centros de saúde no próximo ano, segundo a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS).

No Fórum do Medicamento, que decorreu esta sexta-feira em Lisboa, Ricardo Mestre, vogal da ACSS, disse que vão ser introduzidos indicadores de utilização das urgências no processo de contratualização dos cuidados de saúde primários no próximo ano.

"As urgências evitáveis e as urgências frequentes será um dos indicadores que avaliam o desempenho da equipa [nos cuidados de saúde primários]", afirmou Ricardo Mestre, lembrando que actualmente os centros de saúde já têm como indicador os internamentos evitáveis dos seus doentes.

Desta forma, pretende-se que os centros de saúde contribuam para retirar dos hospitais os episódios que são considerados como urgências evitáveis, um dos problemas geralmente atribuído na pressão das urgências hospitalares.

Em declarações à Lusa à margem do Fórum promovido pela Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, Ricardo Mestre explicou que os cuidados de saúde primários têm uma matriz que avalia o seu desempenho em várias dimensões, como o acesso, a qualidade ou a efectividade de cuidados.

"Uma das áreas importantes é podermos monitorizar e integrar nesta avaliação a utilização que os utentes fazem dos serviços de urgência em condições de saúde que eram evitáveis. Há um conjunto de condições de saúde ou de doenças crónicas que, bem controladas em ambulatório, evitam internamentos ou situações de urgência. A ideia é introduzir esta dimensão na avaliação de desempenho dos cuidados de saúde primários", afirmou o vogal da ACSS.

Ricardo Mestre recorda que Portugal "tem uma utilização elevada do serviço de urgência" e uma percentagem também considerada alta de utilizadores frequentes das urgências, que recorrem várias vezes num ano, que se situa nos 10% dos portugueses.