Maior escola de engenharia do país lança cursos para "não-tecnólogos"

Face ao aumento da procura por profissionais na área de informática, o Instituto Superior Técnico criou cursos para ensinar programação a profissionais de outras áreas e garantir que os que já trabalham se mantêm actualizados.

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O Parlamento Europeu diz que nos próximos dois anos vão existir cerca de 756 mil vagas no sector das tecnologias de informação e comunicação Paulo Pimenta

O Instituto Superior Técnico, em Lisboa, criou novas pós-graduações e cursos de formação para profissionais interessados adquirir ou aprofundar os seus conhecimentos em engenharia e tecnologia. Fazem parte da nova escola Técnico +. A oferta inclui programas para profissionais fora da informática. 

Trata-se da resposta do Técnico – que, com mais de 11.400 alunos, é a maior escola de engenharia do país – às necessidades do mercado de trabalho de ter mais profissionais em informática, e de garantir que os que já trabalham nesta área se mantêm actualizados.

O tipo de oferta depende das qualificações dos alunos. “Vamos ter cursos para não-engenheiros e não-tecnólogos que queiram ter boas noções nas áreas. Por exemplo, um profissional de gestão que precise de uma perceber um pouco de programação para gerir o trabalho de uma empresa informática”, explicou ao PÚBLICO o vice-presidente do Técnico, Luís Correia.

Há muita procura por informáticos na União Europeia – mas faltam profissionais. Dados recentes do Parlamento Europeu mostram que, nos próximos dois anos, existirão cerca de 756 mil vagas no sector das tecnologias de informação e comunicação. Só em Portugal, a Comissão Europeia prevê que vão existir até 15 mil vagas para informáticos.

A duração dos novos cursos do Técnico pode ir até um ano. Para entrar, é preciso ter algum tipo de formação base. “Não há requisitos específicos, mas assumimos que quem se candidata tem um grau académico, uma licenciatura ou um mestrado”, disse Correia.

Também vão existir cursos mais pequenos, com uma duração de três dias, para engenheiros de áreas fora da informática que queiram aprofundar o conhecimento que têm em programação. Os preços devem variar entre 500 euros, para os cursos mais intensivos, e dez mil euros, para as formações mais longas.

Os novos cursos do Técnico não são a única opção para profissionais fora da área da informática que queiram obter formação na área.

Esta quarta-feira, a empresa informática OutSystems anunciou dois cursos de requalificação em programação para licenciados em situação de desemprego. A parceria com o Instituto Politécnico de Castelo Branco arranca em Janeiro.

Há também muitas opções para quem nunca completou um curso universitário. Desde 2015 que a Academia de Código, uma startup fundada em 2015, oferece cursos intensivos de 14 semanas para ensinar as pessoas a programar em Lisboa, no Fundão, no Porto e na ilha Terceira. O curso – que em Lisboa custa seis mil euros – está aberto a todos, mas o processo de selecção é longo e inclui um curso online da Universidade de Stanford.

Há ainda escolas como a Le Wagon, uma escola de programação para empresários em Lisboa, e a Creators School, no Porto. A empresa de formação profissional Galileu – que funciona em várias cidades do país – tem várias opções na área da informática.

“A formação académica que se adquire hoje como estudante corre o risco de ficar desactualizada ao longo da carreira profissional”, notou Luís Correia. "Face às enormes necessidades do mercado de trabalho, a iniciativa vem responder a uma necessidade premente do país, das suas empresas e dos seus cidadãos."

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