Agentes do grupo de k-pop BTS pedem desculpa por camisola com a bomba atómica

A Big Hit Entertainment, produtora do grupo sul-coreano, admitiu que as fotografias causaram "dor às vítimas" da bomba atómica e que os membros da banda “não são, de forma alguma, responsáveis” pelo sucedido.

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A banda BTS REUTERS/Mario Anzuoni

A Big Hit Entertainment, produtora do grupo de pop sul-coreano BTS, admitiu, esta terça-feira, que alguns membros da boysband foram fotografados com peças de roupas polémicas — entre elas uma camisola com uma imagem da bomba atómica e chapéus com referências às SS nazis — e pediram desculpas pelo sucedido.

Num longo comunicado, publicado em simultâneo nas páginas de Facebook e Twitter oficiais da empresa, a Big Hit Entertainment pediu “as mais sinceras desculpas” por não terem “tomado as precauções necessárias" para evitar que os membros do grupo usassem as peças polémicas e afirma que não teve intenção de “causar dor às vítimas históricas” das bombas atómicas e do nazismo.

De acordo com a empresa, os membros da banda “não são, de forma alguma, responsáveis” pelas peças de roupa com que foram fotografados. No comunicado, os agentes alegam que "os horários intensivos e a complexidade das situações" nos locais por onde os elementos da banda actuam faz com que seja complicado "para os artistas rever todo o guarda-roupa antes de o usar". 

“Esta é a nossa declaração sobre estes dois assuntos: nas promoções de BTS e nas promoções dos nossos artistas, a Big Hit não apoia a guerra nem a bomba atómica”, lê-se no comunicado, tornado público no mesmo dia do arranque da tour japonesa dos BTS. 

O comunicado surge depois de, na semana passada, um canal de televisão japonês ter cancelado um convite ao grupo sul-coreano devido a uma camisola com uma mensagem política usada por um dos sete membros da banda, Jimin, 23 anos, há mais de um ano.

Jimin foi fotografado a usar uma camisola branca, com um estampado nas costas, onde se vêem duas imagens e várias palavras escritas de forma repetida. 

Numa das imagens, identifica-se uma nuvem em forma de cogumelo, semelhante às que se formaram depois dos ataques nucleares de Hiroxima e Nagasáqui, que mataram centenas de milhares de japoneses e causaram consequências irreversíveis no país. A outra imagem mostra vários coreanos a celebrar a libertação da ocupação japonesa, em 1945 – apenas um mês depois dos ataques nucleares perpetrados pelos EUA.

Essas imagens surgem acompanhadas por quatro palavras, historicamente associadas à luta independentista coreana: “Patriotismo, História, Libertação, Coreia.”

Durante o concerto de arranque da tour japonesa, o músico referiu o assunto: "O meu coração está partido... Não apenas pelos ARMY [nome dado ao clube de fãs da banda], mas por todas as pessoas do mundo que foram surpreendidas e ficaram preocupadas com as controvérsias recentes", disse, citado pelo Korean Times

"Nunca irei esquecer o nosso primeiro concerto no Tóquio Dome. Estou muito feliz por estar aqui convosco e espero que sintam o mesmo". 

No início desta semana, também o Centro Simon Wiesenthal, uma organização humanitária judaica, engrossou o rol de críticas à banda.

Com base em imagens feitas há quatro anos numa sessão fotográfica em que alguns membros da banda usaram um chapéu com o símbolo das SS nazis (que administravam os campos de concentração), o rabino Abraham Cooper, responsável pelo centro, afirmou que o grupo “esteve a fazer troça do passado” e instou a banda a pedir desculpa aos japoneses e às vítimas do nazismo.

Apesar das polémicas, os BTS são uma das bandas de pop sul-coreano mais conhecidas e bem-sucedidas do mundo. Foram a primeira banda de k-pop alcançar um primeiro lugar na tabela internacional Billboard 200, com a música Love Yourself: tear. Apenas um mês depois, conseguiram a dobradinha com o tema Idol.

Foram também os primeiros músicos sul-coreanos a discursar no âmbito da iniciativa Unlimited Generation da UNICEF, a convite das Nações Unidas.

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