Passageira diz ter sido ameaçada com arma de fogo por motorista da Vimeca

Num autocarro da Vimeca, uma passageira diz que foi ameaçada com uma arma de fogo pelo motorista da empresa. O episódio remonta a Outubro mas, após várias tentativas de contacto, ao longo de uma semana, a rodoviária continua sem se pronunciar sobre o sucedido.

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A alegada ameaça sucedeu na carreira 163, que faz a ligação entre Massamá e Lisboa Pedro Cunha/ Arquivo

Natércia Macedo, de 41 anos, é guineense, ainda que tenha abraçado Portugal há muito tempo. Vive em Massamá, nos subúrbios de Sintra, com o marido e a filha de dois anos. Na tarde de 17 de Outubro, Natércia foi buscar a filha, que estava doente, e abrigou-se da chuva que caía junto à paragem do 163 — carreira da Vimeca que faz a ligação entre Casal do Olival e o Colégio Militar, em Lisboa. Ao ver a camioneta, fez sinal ao motorista para parar mas este não se terá apercebido por, alegadamente, estar ao telemóvel. Aí terão tido início os problemas que acabaram com uma ameaça com arma de fogo, aponta a passageira.

Depois de ter corrido para chamar a atenção do motorista, este finalmente parou e Natércia entrou. “Foi aí que tudo começou”, relata, em conversa telefónica com o PÚBLICO. “Hoje tive azar, já de manhã passou um motorista que nem olhou para a cara das pessoas que estavam na paragem”. Estas foram as primeiras palavras de Natércia dirigidas ao motorista do 163.

Segundo descreve a passageira, o tom da conversa cedo escalou. “Vai-te sentar e cala-te”, terá atirado o motorista. Natércia reconhece que não se deixou ficar e que ripostou de forma igualmente agressiva. “Eu disse que não ia, porque tinha direito a reclamar”, afirma a mulher. E os insultos sucederam-se. Natércia sentou-se, mas a discussão prosseguiu desde o seu lugar. “Cala a boca. Se não te calares, levas uma chapada na cara”, terá dito o motorista a Natércia, já em marcha.

Arma na mão 
No troço que faz a ligação entre Massamá e Lisboa, o condutor terá tentado, por diversas vezes, que Natércia deixasse a viatura. Foi já próximo da Avenida Aquilino Ribeiro, em Massamá, que o funcionário terá ameaçado Natércia com uma arma. Após confrontar a passageira para que saísse do autocarro, foi ao seu lugar e terá, alegadamente, regressado com uma arma na mão.

De acordo com O Comércio de Massamá e Monte Abraão, Óscar Costa, de 47 anos, assistiu a todos os acontecimentos. O passageiro, em declarações ao jornal local, corrobora a versão dos acontecimentos narrados por Natércia, e acrescenta que algumas pessoas terão fugido do autocarro com medo, inclusivamente a sua mulher, que está grávida.

“Ameaçou-me com a arma e disse-me que tinha sorte de estar com a miúda”, afirma Natércia. “Que se não fosse estar com ela, iria ver”. Depois de ter ameaçado a passageira, o trabalhador terá voltado para o seu lugar e conduzido até uma paragem próxima da estação de comboios. Foi lá que terá abandonado o autocarro, sendo substituído por um colega que assegurou o percurso até Lisboa.

Entretanto, Natércia saiu do veículo, assustada, perto da Escola Secundária de Massamá. A mulher ainda se terá deslocado a uma esquadra da PSP, mas conta que foi aconselhada a não apresentar queixa. “Eles disseram-me que o processo demoraria muito em tribunal e que era melhor não fazer nada”. “Não vale a pena. Não quero ter chatices”, admite.

O PÚBLICO tentou, por várias vezes, pedir esclarecimentos à Vimeca sobre o sucedido. Após vários emails sem resposta e telefonemas não atendidos, a empresa afirma apenas que este é um assunto que diz respeito ao departamento de contencioso e que nada tem a dizer sobre o sucedido. 

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