Detenção de Bruno de Carvalho pode facilitar rescisões de jogadores
Suspeitas de envolvimento no ataque à Academia coloca Sporting em alerta. “Leões” ainda têm quatro processos por resolver.
A detenção para interrogatório do ex-presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, no passado domingo, pelo alegado envolvimento no ataque à Academia de Alcochete, pode dar peso à justa causa invocada pelos jogadores nos processos de rescisão. Gelson Martins, Daniel Podence, Rúben Ribeiro e Rafael Leão ainda se encontram em litígio com o clube “leonino”
Soraia Quarenta, da Associação Portuguesa de Direito Desportivo, relembra que o desentendimento laboral não se prende apenas com as agressões em Alcochete: “Até aqui discutia-se se o que se tinha passado seria motivo bastante para a justa causa. Há que não esquecer que a maioria dos jogadores alegou um assédio moral e laboral por parte do presidente, que culminou no ataque. Com a implicação de Bruno de Carvalho no processo, a balança começa a tender para o lado dos jogadores e a justa causa a ganhar mais força”.
Na opinião da advogada , o caso Gelson é o mais complicado, devido ao peso que o jogador tinha no plantel: "Tendo em conta que seria o activo mais valioso do plantel, diria que há um impacto maior. Também foi para um clube com maior peso e exposição mediática".
Também Albano Sarmento, advogado sócio da Goméz-Acebo & Pombo, reiterou que os argumentos dos jogadores ganham peso com os acontecimentos recentes: “As implicações para o Sporting serão muito más, especialmente no que toca aos jogadores em litígio. Se se provar a ligação do ex-presidente [ao incidente na Academia de Alcochete] os argumentos dos jogadores, que alegaram justa causa, tornam-se praticamente irrefutáveis”.
No que diz respeito às consequências financeiras para o emblema de Alvalade, Albano Sarmento explica que o ponto principal se prende com os futuros clubes dos profissionais: “O impacto financeiro para o Sporting depende do futuro dos jogadores. A indemnização está relacionada com o facto de os jogadores estarem a jogar noutro clube ou não, porque apenas teriam direito de receber a quantia correspondente à duração do contrato. Não sei qual será o valor [que o Sporting pode perder]. Ainda é prematuro para medirmos esse impacto”.
No passado domingo, dia 11 de Novembro, o ex-presidente do Sporting foi detido para interrogatório, no âmbito da investigação ao ataque à Academia de Alcochete. Bruno de Carvalho, destituído da liderança dos "leões" no passado mês de Junho, será presente ao juiz nas próximas 48 horas encontrando-se nas instalações da Guarda Nacional Republicana (GNR), em Alcochete.
Simultaneamente, a GNR efectuou buscas à sede da Juventude Leonina, principal claque do Sporting. Na sequência dessa operação, que teve lugar antes do jogo entre os "leões" e o Chaves, Mustafá, líder do grupo organizado, foi detido, também por suspeitas quanto ao envolvimento nas agressões em Alcochete, que tiveram lugar a 15 de Maio.
Sporting já resolveu cinco casos
A detenção de Bruno de Carvalho acontece num momento em que o sucessor, Frederico Varandas, tentava chegar a acordo com os jogadores em processo de rescisão, com o intuito de salvaguardar os interesses dos "leões". No passado mês de Outubro, Varandas tinha conseguido alcançar um acordo com Rui Patrício, relativo à transferência do guarda-redes para os ingleses do Wolverhampton. O clube de Alvalade recebeu 18 milhões de euros pelo internacional português.
Também William Carvalho, outro capitão dos “leões”, foi negociado, por sua vez para os espanhóis do Bétis. Bruno Fernandes, Bas Dost e Battaglia voltaram atrás na decisão de rescisão, reintegrando o plantel “leonino”. Gelson Martins foi para o Atlético de Madrid a custo zero, representando a maior dor de cabeça para o actual segundo classificado do campeonato.