A organização Escudo Identitário espalhou mais de 1000 cartazes em cerca de 300 escolas contra aquilo a que chamam “ideologia de género” e o seu “perigo”. Criado em Setembro de 2017, o grupo demonstra ligações à extrema-direita e anuncia esta acção nas escolas como forma de combater uma alegada “doutrinação ideológica” em curso no ensino. As autoridades estão a acompanhar o fenómeno de reaparecimento de grupos ligados à direita radical.
O último relatório de Segurança Interna dava conta, em Março, de um regresso em força de movimentos conotados com a extrema-direita durante o ano de 2017. A Polícia Judiciária não quis comentar o caso, mas o P3 sabe que estão a acompanhar as acções de grupos como o Escudo Identitário.
Cartazes como aqueles que foram espalhados em escolas de Lisboa, Porto, Faro, Montijo, Almada, Cascais, Oeiras, Loures, Sintra e Vila Nova de Gaia configuram a prática de crime. Se forem avistados, são retirados pelas autoridades, que iniciam nessa altura uma investigação para perceber a proveniência da acção.
Segundo informação da própria organização na sua página do Facebook, onde tem quase cinco mil seguidores, os cartazes foram colados no domingo passado por “dezenas de escudistas” divididos em “dez grupos de trabalho”. Em resposta por email a perguntas enviadas pelo P3, já depois da notícia ter sido publicada, a "comissão central do Escudo Identitário" diz não se rever no rótulo de "extremistas" e garante não ter afiliação partidária nem identificação com qualquer força política em Portugal. "A nossa causa é o Escudismo", disseram, acrescentando terem uma "atitude irreverente, mas sempre dentro da lei".
Na mesma rede social, o grupo — que conta com "mais de 200" filiados com uma "idade média que "ronda os 22 anos" — argumenta: “A Ideologia de Género é, sem sombra de dúvida, a prova de que vivemos numa era de obscurantismo científico, comparável apenas aos dias mais negros da Era Medieval. Numa altura em que os factos são remetidos para segundo plano, deixando as emoções e os sentimentos reinarem, é normal que ideias pseudocientíficas como estas imperem.”
No cartaz, explicam, conjugaram “o símbolo do Risco Biológico com o símbolo da confusão de género, de modo a avisar tudo e todos que este tipo de brincadeiras sem qualquer base científica não tem lugar na nossa sociedade, muito menos nas nossas escolas”.
O grupo tem promovido várias acções na rua e são particularmente activos no Facebook. A colagem de cartazes, informaram, é pontual será sempre "circunstancial" quando houver "algum motivo de indignação ou algum tema para o qual consideremos que vale a pena alertar".
Notícia actualizada com as respostas do grupo Escudo Identitário