Linha de Fuga, um festival em Coimbra para concentrar as periferias

Projecto combina apresentações ao público com um laboratório de criação artística, numa programação que vai até Dezembro.

Foto
Federica Folco Eva Farinhas

É uma primeira experiência de um programa com “dupla face”, começa por explicar a curadora do Linhas de Fuga, Catarina Saraiva. Desta sexta-feira, 9 de Novembro, a 1 de Dezembro, o festival que é também um laboratório para a criação artística contemporânea leva a diferentes espaços de Coimbra “as linguagens mais experimentais que se fazem nas diferentes linhas” artísticas.

A componente do laboratório traduz-se na realização de seminários, que serão frequentados pelos 20 artistas do Linha de Fuga. Na última semana, dois – o de Federica Folco e de Thomas Hauert – serão abertos à participação da comunidade local. “Parecia-nos importante que houvesse a possibilidade de esse grupo ter a interferência de outras pessoas nas actividades de laboratório”, acrescenta a curadora.

A programação do Linha de Fuga tem início nesta sexta-feira, no Colégio das Artes, com a instalação Terceiro Andar de Luciana Fina, que é reproduzida em formato de documentário a 12 de Novembro, no Teatro Académico Gil Vicente (TAGV).

Já no sábado, dia 10, também no TAGV, Miguel Pereira leva Peça para Negócio ao palco. O artista catalão Segi Fäustino apresenta duas performances: Fäustino VI. 803 C.C., a 16 de Novembro, no Centro de Artes Visuais, e C60 – Grandes Éxitos, no dia a seguir, no Liquidâmbar.

No dia 24 de Novembro, a dupla Ana Boralho e João Galante leva as questões de género ao Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC) com a performance MISTERMISSMISSMISTER. A coreógrafa uruguaia Federica Folco vai ao palco do Teatro da Cerca de São Bernardo com Fuá / La Lengua de Nuestras Posibilidades.

O último acto da programação desta primeira edição cabe ao coreógrafo suíço radicado em Bruxelas Thomas Hauert, com a apresentação de (sweet) (bitter), na Igreja do Convento São Francisco, a 1 de Dezembro.

O festival não tem uma temática que defina toda a sua linha, partindo de uma ideia de encontro e troca de experiências, mas deixando em aberto outras possibilidades. “Consideramos que os centros de conhecimento estão nos centros de poder. É muito mais importante pensar que existem várias perspectivas de conhecer o mundo. Interessa-me explorar esta questão de periferia”, afirma a responsável. Tanto que, no programa, participam artistas das várias periferias, como Brasil, México, Austrália, Hungria ou Espanha.

O grupo de 20 artistas, dos quais metade é portuguesa, foi seleccionado entre 100 candidaturas que responderam à convocatória explica a curadora. Catarina Paiva, que fez parte da direcção do Alkantara Festival, em Lisboa, e passou pela direcção artística do festival Panorama, no Rio de Janeiro, sublinha a importância de ter artistas nacionais e locais a trabalhar no de Linha Fuga.

Os artistas vão encontrar-se ao longo das três semanas, mas não existe a obrigatoriedade de apresentar o trabalho ao público. Os artistas “vêm com um projecto que está em diferentes pontos do processo de desenvolvimento”, sendo que os seminários servem mais para “trocar experiências e opiniões que lhes vão servir a posteriori”. É fundamentalmente um “espaço de intercâmbio e de experimentação” sem a pressão de produzir. Não havendo a obrigação, há essa possibilidade, terá lugar às 15h de cada sábado no Antigo Grémio Operário.

O projecto Linha de Fuga é organizado pela produções Real Pelágio, uma associação cultural de Salvaterra de Magos financiada pela Direcção Geral das Artes, e tem como entidades parceiras o Convento São Francisco, o TAGV, a Escola da Noite, o CAPC, o Centro de Estudos Sociais e o Citemor, que é também co-produtor do laboratório. 

Sugerir correcção
Comentar