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La Grande Famille: um retrato do nomadismo
À primeira vista poderá pensar-se que é um documentário focado nos trabalhadores agrícolas sazonais, em França, mas é muito mais do que isso. La Grande Famille tem mão portuguesa e é um filme que se foca, principalmente, nas relações humanas e na análise psicológica a subculturas que rejeitaram a sociedade para viver uma vida nómada. O filme vai ser exibido esta sexta-feira, 9 de Novembro, no Cinema Passos Manuel, no Porto às 22h, com a presença dos realizadores.
O documentário reflecte a vida de um grupo pessoas que escolheram rejeitar a sociedade urbana para viver uma vida à margem da mesma e cuja principal fonte de rendimento são os trabalhos agrícolas sazonais como é o caso das vindimas, uma subcultura que é uma grande família. Os realizadores João Pedro Marnoto (fotógrafo e realizador) e Nuno Beirão Vieira (psicólogo de formação) passaram um ano a apreender e analisar as vivências daquele grupo e as suas interacções. Pia e Zinzin, as duas personagens principais, quiseram ganhar um maior sentido de liberdade nas suas vidas e negaram remar em prol do sistema, segundo João Pedro Marnoto.
A chave do filme é a sua tónica psicológica. A análise foi feita de forma a perceber o que os leva a negar a sociedade e criar a sua própria família marcada pelo nomadismo, sendo com ele abarcados vários conflitos, problemas e questões sociais muito profundas, assim como o consumo de drogas. Segundo Nuno Beirão Vieira, “as pessoas percebem que estes grupos existem, mas não percebem a ligação entre os seus elementos”. E foram precisamente essas relações humanas que os dois quiseram explorar.
“A carga humana é bastante evidente”, notou João Pedro Marnoto ao P3. Segundo o próprio, quando viram o resultado do filme, as personagens que nele participam ficaram surpreendidas porque “pensavam que ia ser um filme mais idílico e utópico”. “Mas o outro lado da moeda mostra outras realidades a que conseguimos chegar e conseguimos transportá-las para o filme”, acrescentou.
“O filme falará por si” e as interpretações que lhe são dadas dependem de cada um a que ele assista, lembrou Nuno Beirão Vieira. Um retrato de uma França que sazonalmente recebe avultados números de pessoas, muitos deles com uma cultura mais underground, à margem da sociedade, para trabalhos agrícolas – uma realidade bem diferente da portuguesa, muito mais rural.