"Mini-Merkel" abre corrida para a sucessão da liderança da CDU

Annegret Kramp-Karrenbauer apresenta formalmente a sua candidatura em Berlim.

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Annegret Kramp-Karrenbauer apresenta a sua candidatura e diz que se não for escolhida deixará o cargo de secretária-geral do partido CLEMENS BILAN/EPA

A secretária-geral da União Democrata-Cristã (CDU), Annegret Kramp-Karrenbauer, apresentou as suas prioridades caso seja escolhida, no início de Dezembro, pelo partido para suceder à actual líder e chanceler, Angela Merkel, dando o tiro de partida formal para a corrida à presidência da CDU.

Digitalização e inovação como forma de assegurar a economia social de mercado, segurança, que se consegue “com verdadeiras políticas” e não com “ruído”, cita o Frankfurter Allgemeine Zeitung, e a unidade da sociedade e sentimento de pertença, que as pessoas “se sintam em casa”.

AKK é um dos 12 nomes na corrida, embora a imprensa só veja hipóteses realistas para ela e outros dois concorrentes: o actual ministro da Saúde Jens Spahn e o antigo líder do grupo parlamentar da CDU, Friedrich Merz.

A vantagem parecia pertencer a Kramp-Karrenbauer: o seu cargo de secretária-geral dá-lhe uma boa rede de contactos no partido (acabou de terminar um périplo pelo país para ouvir as bases), e representa a via centrista de Merkel que a maioria dos eleitores da CDU quer seguir: segundo uma sondagem recente do instituto Forsa para as televisões privadas RTL e n-tv, mais de 60% dos eleitores da CDU querem a continuação da orientação de Merkel e entre os eleitores em geral, 63% querem a CDU mais centrista, e 29% defendem uma viragem à direita do partido.

Mas em duas sondagens feitas após o anúncio da candidatura, Friedrich Merz aparecia como o candidato favorito. Talvez seja, como nota o Frankfurter Allgemeine Zeitung, pelo potencial de dramaturgia, que faz dele “o candidato ideal”: “um homem que há 16 anos foi afastado por Merkel, que ficou com o seu cargo de líder de grupo parlamentar, e que agora pode ser um perigo para ela”. A narrativa subentendida: a velha CDU está de volta.

Embora dissesse que não se referiria a outros candidatos, Kramp-Karrenbauer fez uma referência indirecta a Merz e à sua proposta política mais conhecida: que a declaração de impostos pudesse ser feita num base para copos de cerveja. “Se conseguirmos pôr a declaração na base de copos de cerveja, poderemos desenvolver uma app para impostos do futuro”, imaginou.

Apesar disto, a secretária-geral da CDU alertou para o perigo de uma corrida “destrutiva” e sublinhou a necessidade de manter o partido unido. Referiu que caso vencesse, gostaria de manter Jens Spahn nas suas posições no partido e Governo, e também a contar com a experiência de Merz no mundo financeiro (Merz trabalha para empresa financeira BlackRock). Mas declarou que caso perca, deixará o cargo de secretária-geral. Por outro lado, os escritórios em Munique da BlackRock foram alvo de uma busca por suspeita de evasão fiscal, e qualquer escândalo na empresa na Alemanha tocará Merz.

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