Câmara das Caldas vai gerir o hospital termal mais antigo do mundo

Decisão resulta do chumbo do Tribunal de Contas a um protocolo que previa a exploração do hospital termal pelo Montepio Rainha D. Leonor.

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Sandra Ribeiro

Depois do hospital termal das Caldas da Rainha ter passado do Ministério da Saúde para a tutela do município, este tentou que a sua exploração fosse feita pelo Montepio Rainha D. Leonor, uma associação mutualista centenária, bastante prestigiada na cidade. Só que o Tribunal de Contas considerou que o protocolo entre as duas entidades configurava uma compra de serviços da câmara aquela instituição particular de solidariedade social, sugerindo que, para isso, deveria ter sido lançado um concurso público.

Perante o chumbo do Tribunal de Contas, o presidente da Câmara das Caldas, Tinta Ferreira, anunciou que o município avançaria sozinho para a gestão do hospital termal, o qual se encontra encerrado desde 2013 devido à descoberta de legionella nas suas canalizações.

O autarca diz que a câmara irá contratar os médicos especialistas e restante pessoal de saúde necessário e que a própria autarquia irá disponibilizar pessoal e outros recursos para assegurar o funcionamento das termas.

Esta será uma forma expedita de pôr aquele equipamento a funcionar, mas Tinta Ferreira espera, ao fim de três ou quatro anos, que se possa criar uma empresa municipal para explorar o hospital termal.

Estas intenções, porém, não colhem o apoio da oposição à maioria PSD das Caldas da Rainha, a qual duvida da capacidade da autarquia para explorar umas termas que não são iguais às outras pois trata-se de um hospital termal, logo com uma forte componente de prestação de cuidados de saúde.

Os partidos à esquerda, que sempre se manifestaram contra a “municipalização” de um equipamento que deveria continuar sob a tutela do Estado central, preferiam que a Câmara encontrasse alguma tipo de parceria com o Ministério da Saúde para garantir o funcionamento das termas. Já os partidos à direita, encaram com naturalidade a entrada de privados no projecto camarário.

O protocolo com o Montepio previa que o município gastasse com o hospital termal 180 mil euros no primeiro ano, 290 mil euros no segundo e 350 mil euros no terceiro ano de funcionamento quando este já estivesse a funcionar em pleno. Isto porque a ideia é que os serviços abram progressivamente, sendo as inalações a primeira valência a funcionar.

Em Janeiro deste ano o governo já tinha concessionado à Câmara das Caldas a exploração da água termal por um prazo de 50 anos.

O hospital termal das Caldas da Rainha data de 1488 e é considerado o mais antigo do mundo.  

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