Depois de Paris, em 2017, a Capital Europeia da Inovação é Atenas. A cidade receberá um milhão de euros. A distinção foi anunciada esta manhã, na Web Summit, pelo comissário europeu Carlos Moedas.
"Atenas não é uma smart city, mas é uma cidade sábia, que envolve os seus cidadãos e os chama a decidir o seu destino. Isto não é apenas um prémio, é também um reconhecimento do esforço desta cidade nos últimos anos, para se manter firme de pé, para se reinventar, para sair mais forte dos tempos difíceis que atravessou", disse o representante da capital grega, quando subiu ao palco para receber o cheque.
Anunciar Atenas como a cidade vencedora foi, para o comissário europeu, “um grande prazer”, por ser parte de um país, que tal como Portugal, passou por uma grande crise. “Foi difícil ver os meus amigos na Grécia a passar pelo mesmo.”
“Os dois maiores ingredientes para a inovação de uma cidade, é a diversidade de ideias, de cidadãos, e de projectos. Queremos mostrar que a Europa é fundamentalmente isso. É aberta.”
O projecto vencedor – Curar o Limbo – apoia refugiados e cidadãos em dificuldades, desprivilegiados, a oportunidade de conseguir habitação, desenvolver novas capacidades de trabalho, e encontrar emprego. A par, o Conselho para o Digital formou uma aliança com parceiros privados para apoiar pequenos projectos tecnológicos, como caixotes de reciclagem inteligentes.
“Como não tínhamos dinheiro, tentamos encontrar outros recursos na cidade. E os recursos mais importantes de uma cidade são os seus cidadãos”, justificou o presidente da câmara de Atenas, Giorgio Kaminis, numa conferência de imprensa após o anúncio da decisão. “Para nós tudo começou quando começámos a receber milhares de refugiados no Verão de 2015. Já tínhamos a infraestrutura, a base, que são pessoas com quem trabalhar. Foi por isso que criamos um centro de coordenação no centro da cidade onde tínhamos 80 organizações.”
“E tudo começou porque eramos um país em crise profunda. Não só moral, mas política e económica. Mas percebemos que não estávamos sozinhos. Com a crise, vimos grupos comunitários a surgir na cidade. E isso foi um incentivo para trabalhar com as pessoas.”
Lisboa não chegou a finalista
Lisboa era uma das 12 cidades nomeadas, mas acabou por não estar no lote das seis finalistas, como Hamburgo, Atenas, Toulouse, Umea, Aarhus ou Lovaina.
“Quero frisar que não estamos a olhar para os países ou para as cidades quando escolhemos a cidade”, diz Carlos Moedas. “Estamos a olhar para o mérito dos projectos em si. É por isso que isto é feito.”
“Este tipo de concursos também são sobre ter também modelos para o futuro", diz Ridouana Mohamed, presidente da câmara de Lovaina. "Não é só sobre os projectos de cidades inteligentes, mas ter estruturas colaborativas em que juntamos empresários, estudantes a trabalhar juntos. Espero que cidades pequenas no futuro possam continuar a ser vencedoras."
O prémio é atribuído pela Comissão Europeia que, em Fevereiro, justificou a escolha por aquelas 12 finalistas afirmando que estas cidades apostaram nas "soluções mais inovadoras para melhorar a qualidade de vida dos habitantes".
Durante o mês de Setembro, as cidades foram avaliadas pelo júri. Entre os critérios contava-se "a capacidade em envolver os cidadãos nos processos de inovação" e de "assegurar que as ideias provenientes da sociedade civil são tidas em conta pelo poder político".