Linha da Beira Baixa recupera Intercidades com máquinas e carruagens
Automotoras deverão reforçar o serviço regional para Tomar cujas composições circulavam com metade das carruagens. Medida implicará aumento de custos em 1,5 milhões de euros por ano.
Sete anos depois, os comboios formados por locomotiva a rebocar carruagens vão regressar à linha da Beira Baixa, substituindo assim as automotoras UTE (Unidades Triplas Eléctricas) que ali faziam serviço de Intercidades.
A medida está prevista para o horário de Inverno da CP, que começa a 9 de Dezembro e visa libertar as automotoras que circulam naquela linha para reforçar o eixo Tomar – Lisboa onde, devido à falta de material, a empresa tem tido problemas de capacidade – em vez de seis carruagens, algumas composições têm circulado só com três.
É devido à falta de automotoras que os clientes da CP na Beira Baixa vão ganhar conforto e rapidez. Os “novos” Intercidades têm carruagens mais cómodas do que as das UTE e a viagem será mais rápida, mas apenas no sentido descendente (Covilhã – Lisboa) onde a viagem poderá ser encurtada em 22 minutos.
O reverso da medalha é que a CP aumentará os seus custos de exploração em 1,5 milhões de euros por ano. Isto se o argumento que foi válido em 2011 para extinguir as máquinas e carruagens for igualmente válido sete anos depois.
É que há sete anos, a CP comunicava que a introdução das automotoras permitir-lhe-ia poupar 1,5 milhões de euros por ano porque a sua exploração era mais barata: as UTE têm menor consumo energético do que as locomotivas 5600 e não era preciso pagar a manobra da inversão destas máquinas nas estações terminus (Covilhã e Santa Apolónia).
Agora, os custos de ter clientes a queixarem-se no eixo Lisboa – Tomar e a má imagem que isso causa à empresa (nomeadamente depois de uma reportagem na TVI sobre o congestionamento naqueles comboios) levaram a melhor sobre aquela suposta economia e a CP preferiu ir buscar à Beira Baixa as cada vez mais escassas UTE (há um elevado número de composições imobilizadas nas oficinas para reparação) para as pôr a circular onde fazem mais falta.
A transportadora pública continua a debater-se com uma dramática falta de material, sendo a situação mais grave a da frota a diesel. A linha do Algarve tem sido ultimamente a mais penalizada.
Só desde 29 de Outubro (segunda-feira) foram suprimidos 25 comboios por as automotoras estarem nas oficinas. Destes, seis não circularam entre Faro e Lagos e 19 entre Faro e Vila Real de Sto. António.
Segundo a CP, o concurso público para a compra de novos comboios, já várias vezes anunciado pelo governo, deverá ter lugar antes do fim do ano.