Enfermeiros conseguem recolher 300 mil euros para "greve cirúrgica"

Objectivo é parar os blocos operatórios de três grandes hospitais. Pré-aviso de greve já foi publicado. Início da paralisação está marcada para as 8h de dia 22 e deverá seguir até 31 de Dezembro.

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adriano miranda

O movimento de enfermeiros que quer marcar uma greve prolongada nos principais blocos cirúrgicos do país conseguiu nesta sexta-feira ultrapassar a meta de 300 mil euros na recolha de fundos que estava a ser realizada.

Segundo a plataforma de recolha de fundos para esta "greve cirúrgica", desde o dia 15 de Outubro e até ao final desta sexta-feira, tinham sido já angariados mais de 309 mil euros, quando o objectivo seria alcançar os 300 mil euros até 5 de Novembro.

Trata-se de uma espécie de "fundo solidário" para poder ajudar os profissionais que decidam aderir a este protesto e que ficarão assim sem salário durante o período que durar a greve.

A paralisação está a ser projectada para os blocos operatórios de três grandes hospitais públicos e conta com o apoio do Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) e da Associação Sindical Portuguesa de Enfermeiros (ASPE), que na quinta-feira publicaram num jornal nacional os pré-avisos de greve a partir das 8h de dia 22 deste mês até 31 de Dezembro de 2018.

É uma alteração da data de início da contestação, já que os mesmos dois sindicatos tinham entregue anteriormente dois pré-avisos em que a greve começaria no dia 8 deste mês. O anúncio da desconvocatória foi publicado no mesmo dia em que se ficou a conhecer a nova data da greve.

Há cerca de duas semanas, aquando da manifestação nacional de enfermeiros em Lisboa, a bastonária dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, tinha dado conta publicamente da criação "espontânea e informal" deste grupo de enfermeiros, que projecta uma greve prolongada nos blocos operatórios do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, do São João, no Porto, e de Santa Maria, em Lisboa.

Com esta greve, e segundo o site criado para angariar fundos, os enfermeiros acreditam que serão "canceladas e adiadas muitas cirurgias, causando constrangimentos económicos ao Estado".

Este modelo de paralisação nasce porque este grupo de profissionais entende que "as formas de luta até hoje adoptadas, sendo válidas, não lograram alcançar legítimas pretensões" dos profissionais.

O grupo promotor da iniciativa recorda que os enfermeiros "não têm carreira digna", não progridem "há mais de 13 anos" e têm vencimentos baixos para licenciados.