Derrota, assobios, lenços brancos... Crise na Luz, mas sem “chicotada”
Moreirense derrotou pela primeira vez o Benfica no campeonato e no Estádio da Luz. “Encarnados” perderam o seu terceiro jogo seguido, algo que já não sucedia desde 2010
Está oficialmente instalada a crise no Benfica. Depois dos desaires em Amesterdão, frente ao Ajax, para a Liga dos Campeões, e no Jamor, frente ao Belenenses SAD, para o campeonato, nesta sexta-feira os “encarnados” somaram a sua terceira derrota consecutiva na temporada, algo que nunca tinha acontecido com Rui Vitória como treinador. O Moreirense fez história na Luz, ao impor-se por 3-1, num jogo que até começou, quase literalmente, a perder.
Quando João Félix serviu de forma sublime Jonas (as duas alterações em relação ao “onze” benfiquista que jogou na anterior jornada) no interior da área do Moreirense para o golo inaugural do jogo, logo aos 3’, poucos desconfiariam que a noite seria de pesadelo para os “encarnados”. Mas não foi preciso esperar muito tempo para que o horror tomasse conta da “catedral” benfiquista. Dois minutos depois, o ex-benfiquista Chiquinho repôs a igualdade; dez minutos mais tarde Pedro Nuno colocou o Moreirense na frente do marcador e a nove minutos do intervalo Loum marcou o terceiro para os minhotos.
O resultado, nessa altura, tinha tanto de inesperado como de justo. E assim permaneceu até ao apito final.
É certo que depois do golo do empate Rafa quase recolocou o Benfica na frente. Mas o guarda-redes Jonathan não deixou que o “chapéu” do extremo português entrasse na sua baliza. A partir daí, o jogo do Benfica emperrou.
Sem soluções para furar a defesa do Moreirense, a equipa de Rui Vitória jogou de forma previsível e sem um rasgo de criatividade a atacar. Já a defender, o desatre foi completo. O meio-campo mostrou uma incapacidade assustadora para travar os velozes contra-ataques do Moreirense, deixando a defesa “encarnada” sob pressão e sujeita aos erros. Que foram muitos. Paradigmático foi o lance do terceiro golo do Moreirense, no qual Vlachodimos foi precipitado a sair da baliza, Jardel foi displicente a afastar a bola, Gedson e Fejsa passivos na cobertura defensiva... enfim, um descalabro.
O Moreirense mereceu tudo. O primeiro triunfo contra o Benfica para o campeonato, a primeira vez que marcou três golos em pleno Estádio da Luz e também em jogos esta temporada, e o triunfo mais folgado dos quatro que conseguiu até ao momento na Liga. Concentrado e unido a defender, com duas linhas que raramente foram desfeitas pelas movimentações ofensivas do Benfica, a equipa orientada por Ivo Vieira (que também venceu pela primeira vez os “encarnados” na sua carreira de treinador) foi um justo vencedor. Já o Benfica, precisa de recuar até 2010 para encontrar uma série tão negativa como a que está a atravessar neste momento: três derrotas consecutivas. E o próximo jogo é um difícil e decisivo embate caseiro com o Ajax para a Liga dos Campeões.
A segunda parte não trouxe nada de novo à partida, apesar das alterações promovidas por Rui Vitória ao intervalo. O Moreirense passou apenas a resguardar-se mais, mas nem por isso sentiu muitos calafrios. Foram poucos os lances de verdadeiro perigo junto da baliza dos minhotos e até pertenceu a Ivanildo a mais flagrante ocasião de golo.
Para piorar tudo, Jardel viu o cartão vermelho directo já perto do fim, por agredir um adversário com uma cotovelada quando o jogo estava parado. O Benfica terminou o encontro em inferioridade numérica e debaixo de uma imensa vaia dos seus adeptos. Nas bancadas viram-se lenços brancos, à semelhança do que dias antes foi possível observar no Estádio José Alvalade, casa do rival Sporting que, se vencer nos Açores o Santa Clara, ultrapassa as “águias” na classificação. Poucos dias depois de os “leões” terem despedido o seu treinador devido às más exibições e maus resultados, o vírus estendeu-se ao outro lado da Segunda Circular, em Lisboa. Por enquanto, a terapêutica utilizada na Luz não foi tão longe. Por enquanto.