Julia Roberts volta à televisão com Homecoming
A série é adaptação do podcast homónimo de Micah Bloomberg e Eli Horowitz e os dez episódios, que foram lançados esta sexta-feira na Amazon, têm realização de Sam Esmail, o criador de Mr. Robot.
A estreia de Julia Roberts foi na televisão: num episódio de Crime Story, a série com produção executiva de Michael Mann, surgia como vítima de violação. Ao longo dos anos, a actriz voltou ao pequeno ecrã ocasionalmente: no ano seguinte, por exemplo, apareceu noutra produção de Mann, Miami Vice; em 1996 esteve em Friends; dois anos depois fazia de si própria em Murphy Brown. Narrou ainda séries documentais e em 2014 ganhou mesmo um Emmy pelo papel em The Normal Heart, um telefilme da HBO assinado por Ryan Murphy – mas nunca teve um papel regular em televisão.
Até agora. Homecoming, a nova série da Amazon com a actriz como protagonista, ficou disponível esta sexta-feira. Apesar de os episódios terem menos de meia hora, o que remete mais para a comédia, trata-se de um thriller psicológico com muito de misterioso. É uma adaptação do podcast homónimo de ficção estreado em 2016 e feito por Micah Bloomberg e Eli Horowitz, que também criaram a série, com produção executiva a cargo de Sam Esmail, o responsável por Mr. Robot que aqui assina a realização de todos os dez episódios.
Esmail não é um realizador de televisão normal e a sua marca estética faz-se notar. Homecoming é a história de Heidi Bergman, que, em 2018, trabalha numa instalação chamada Homecoming, cujo objectivo é minorar as inconveniências na transição de soldados para a vida civil. A série mostra-nos duas linhas temporais diferentes: os tempos de Bergman como uma espécie de assistente social no projecto Homecoming e uma altura, quatro anos depois, em que esta trabalha num restaurante e é contactada por um investigador que quer descobrir a verdade sobre a vida passada dela. São linhas visualmente distintas, que é impossível confundir: em 2018, vemos os ângulos peculiares que Esmail popularizou em Mr. Robot, enquanto em 2022 a imagem é quadrada.
Nem só de Julia Roberts vive a série no que toca a actores. O elenco do podcast tinha nomes como Catherine Keener (era ela quem fazia de Heidi Bergman) e Oscar Isaac. Seriam adições muito bem-vindas a qualquer tipo de produção audiovisual, mas aqui não aparecem. A ausência é colmatada por caras como Stephan James, que foi John Lewis em Selma e aqui faz de Walter Cruz, um soldado com quem a protagonista trabalha, ou Bobby Cannavale, o viscoso patrão dela, um tipo de personagem em que Cannavale, que trabalhou com Esmail na terceira temporada de Mr. Robot, é exímio, alguém que a maltrata, mente e claramente tem motivações muito mais obscuras para o projecto do que aquilo que pode parecer à partida. Além deles, há outras caras conhecidas da televisão e do cinema, como Shea Wingham, que, tal como Cannavale, aparecia em Boardwalk Empire, Dermot Mulroney, que fez O Casamento do Meu Melhor Amigo com Julia Roberts, Alex Karpovsky, de Girls, Frankie Shaw, de SMILF, ou a veterana Sissy Spacek, que foi a Carrie do filme de Brian De Palma.