Actriz acusa o realizador Abdellatif Kechiche de agressão sexual

O autor de A Vida de Adèle nega “categoricamente” a acusação, que está a ser investigada pelas autoridades de Paris.

Foto
Kechiche, fotografado em Lisboa em 2013 bruno simoes castanheira

O realizador francês Abdellatif Kechiche é acusado por uma actriz de agressão sexual e a queixa foi formalizada no passado dia 6 de Outubro junto da procuradoria de Paris, e a polícia judiciária está a investigar o caso. O premiado cineasta, autor de filmes como A Vida de Adèle ou O Segredo de um Cuscuz, nega ter cometido o acto.

Foi o canal francês BFM-TV que detalhou, quarta-feira, o que se sabe da acusação: uma mulher de 29 anos diz que estava num jantar no apartamento de Abdellatif Kechiche no final do passado mês de Junho, na noite de 23 para 24, e que também estava presente um amigo do cineasta de 57 anos premiado em Cannes por A Vida de Adèle; depois de consumir algumas bebidas alcoólicas, diz ter despertado de um estado de inconsciência para acordar deitada num sofá com as calças desapertadas e com Kechiche a tocá-la.

O seu advogado, Jeremie Assous, não só fez saber que o realizador nascido na Tunísia “contesta categoricamente a veracidade destas acusações” como argumenta que elas provêm “de uma pessoa que recorreu ao estatuto de vítima para se tornar conhecida” – o nome da queixosa não foi tornado público.

O franco-tunisino Abdellatif Kechiche é um cineasta amplamente respeitado e premiado e teve talvez o ponto alto da sua carreira em 2013 em Cannes, quando A Vida de Adèle, protagonizado por Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux, recebeu a Palma de Ouro. Foi também nessa altura que as actrizes tanto agradeceram publicamente ao seu realizador quanto criticaram os seus métodos de trabalho, o que passou a fazer parte da história mediática de A Vida de Adèle e uma alínea no perfil público de Kechiche, o que ele também lamentou publicamente.

Exarchopoulos e Seydoux falaram de “tortura” e a segunda comentou mesmo que se sentiu “como uma prostituta” nas filmagens, em que reputadamente uma cena sexual explícita foi rodada ao longo de dez dias e onde uma cena em que um embate com uma porta foi também repetido. Seydoux voltou a falar do caso este ano e reiterou que foram “maltratadas”.

Nos últimos meses, marcados pelo movimento #MeToo e pelo seu equivalente francês #BalanceTonPorc, o realizador Luc Besson e o actor Gérard Depardieu foram outras duas figuras proeminentes do sector em França visadas por acusações de violação – e ambos negaram as mesmas –, sem que, no entanto, elas tivessem resultado em qualquer acusação criminal.

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