Eficácia nula hipotecou liderança
Benfica desperdiçou muitas oportunidades, incluindo uma grande penalidade. Equipa de Rui Vitória sofreu primeira derrota nas competições nacionais e perdeu o comando da classificação no campeonato
O Benfica não só deixou escapar a oportunidade de isolar-se como perdeu a liderança da I Liga, ao sofrer na visita ao Jamor, casa do Belenenses SAD, a primeira derrota nas competições nacionais (2-0). A equipa de Rui Vitória deu uma demonstração de ineficácia (incluindo um penálti desperdiçado) e foi penalizada por isso, registando outro resultado negativo após ter perdido em Amesterdão, a meio da semana, na Liga dos Campeões.
Muriel, numa noite inspiradíssima, foi um dos obstáculos que o Benfica não conseguiu superar. Mas as defesas feitas pelo guardião brasileiro não explicam tudo: a nula eficácia dos “encarnados” – 21 remates contra quatro do Belenenses SAD, segundo as estatísticas oficiais da Liga – ditou uma ausência total de golos, de uma equipa cujo treinador reclamava (equivocadamente) para si o melhor rácio de vitórias por jogo na Liga dos Campeões. Perante um dos piores ataques do campeonato (a equipa de Silas dividia essa distinção com o Feirense à entrada para a 8.ª jornada), que há quatro jogos não fazia golos, o Benfica mostrou-se demasiado permeável. E não teve capacidade para reagir aos dois golos que o Belenenses SAD apontou antes do intervalo.
Rúben Dias regressou ao “onze” e o Benfica entrou no Jamor com altíssima intensidade – mas baixíssima eficácia. Foram precisos 13 segundos para Salvio testar Muriel e conquistar o primeiro de dois cantos que os “encarnados” tiveram logo no minuto inicial. As oportunidades foram-se acumulando a partir daí, mas também os exemplos de falta de pontaria. Rafa, só com o guarda-redes pela frente, viu Diogo Viana fazer um corte de recurso (16’), e depois Gedson atirou para golo mas Muriel correspondeu com uma enorme defesa (20’).
A insistência ia dando frutos aos 32’: após consultar as imagens do videoárbitro, Artur Soares Dias assinalou penálti por falta de Reinildo sobre Salvio. Contudo, o argentino não enganou Muriel, que manteve o 0-0 no marcador. O sentimento de impotência apoderou-se do Benfica, enquanto a equipa de Silas ganhou ânimo redobrado para resistir. E, numa rara incursão ao ataque, o Belenenses SAD chegou à vantagem. Vlachodimos derrubou Licá, que surgia isolado após passe de Zakarya, e Eduardo não desperdiçou o penálti correspondente.
As coisas ainda ficariam pior para Rui Vitória, que antes do intervalo viu a sua defesa falhar e Keita aproveitar um passe magistral de Eduardo para fazer o 2-0.
O treinador do Benfica abdicou de Salvio para lançar Jonas na segunda parte e os “encarnados” intensificaram a pressão. Rafa e Pizzi eram os elementos em destaque, a obrigar Muriel a aplicar-se ou a falhar o alvo por milímetros. Em dois lances invalidados por fora-de-jogo, Seferovic chegou a acertar no poste, e depois a obrigar Muriel a uma defesa monstruosa, a desviar a bola para a trave.
Sem um plano B, Rui Vitória limitava-se a lançar unidades para o ataque. Aos 68’ lançou Castillo, que se juntou no ataque a Seferovic e Jonas. Mas para isso retirou Pizzi – e o futebol do Benfica esfumou-se como por magia, provando que ter muitos avançados não é sinónimo de golos. Os “encarnados” deixaram de preocupar a defesa do Belenenses SAD, que até conseguiu assustar Vlachodimos numa ou noutra ocasião. Aos 71’ Licá permitiu a defesa, e aos 76’ o passe de Lucca por pouco não chegou ao internacional português.