Polícias mediram forças nas escadarias da Assembleia da República
Organização do protesto fala de cinco mil participantes, da PSP, à GNR, passando pela Polícia Marítima e SEF. Manifestantes derrubaram grades em frente às escadarias da Assembleia da República.
“Governo, escuta, os polícias estão em luta.” Foi uma das frases de ordem que se ouviram durante a manifestação que, segundo estimativas da organização avançadas à Lusa, juntou cerca de cinco mil polícias em Lisboa esta quinta-feira. Presentes estiveram os maiores sindicatos da PSP, da GNR, da guarda prisional, da Polícia Marítima e elementos da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) e do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
Os relógios marcavam as 19h40 quando, ao som do hino nacional, os polícias chegaram à Assembleia da República. Com as bandeiras dos sindicatos em punho. O hino voltou a ouvir-se diversas vezes.
“Invasão, invasão, invasão”. Alguns dos manifestantes gritaram várias vezes a palavra de ordem em alusão ao momento em Novembro de 2013, em que as barreiras em frente à Assembleia foram derrubadas. Desta vez tinham sido instaladas grades que tinham como objectivo fazer com que fosse mais difícil quebrar estas barreiras, mas elas foram efectivamente derrubadas, com manifestantes a medirem forças com os colegas em serviço do corpo de intervenção da PSP.
Cerca das 21h, a manifestação já tinha sido oficialmente desmobilizada, mas havia agentes a forçar a subida das escadarias.
O protesto, organizado pela Comissão Coordenadora Permanente dos Sindicatos e Associações dos Profissionais de Forças e Serviços de Segurança (CCP), começou na Praça do Comércio e terminou na Assembleia da República, em Lisboa.
Manuela Valente, adjunta de esquadra, veio do Porto a Lisboa para pedir regras mais juntas no que diz respeito às regras de aposentação e o suprimento de suplementos. “Tenho 59 anos e não vejo altura de me ir embora”, desabafou.
Durante o percurso até ao Parlamento, Hugo Oliveira, um agente da PSP de Vila do Conde, queixou-se do salário. “Não somos remunerados o suficiente.” Qual seria o valor justo? “O Governo sabe”, assegurou.
César Nogueira, da Associação dos Profissionais da Guardas (APG/GNR) lembrou que “a causa é a mesma” e que, por isso, faz sentido que estejam juntos no protesto. Se não resultar em nada, “vamos voltar”, garantiu.
Os sindicatos profissionais da PSP, da GNR, da Polícia Marítima e da Guarda Prisional reivindicam a recuperação de, pelo menos, os quase sete anos de serviço em que as carreiras estiveram congeladas entre 2011 e 2017.
Já a maior associação sindical da PSP, a Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP), quer que seja alargado a todos os agentes o pagamento em período de férias dos suplementos remuneratórios. Por sua vez, a GNR exige que na sequência do novo estatuto sócio-profissional, publicado em 2017, seja revista a tabela remuneratória desta força de segurança, o que aconteceu com a PSP na sequência da revisão do respectivo estatuto. A Associação dos Profissionais da Guarda exige que os guardas da categoria mais baixa, que recebem de salário base 789 euros, sejam aumentados em pelo menos 50 euros.
Apesar das exigências particulares dentro de cada instituição, todos exigem essencialmente um reforço de recursos humanos e também de materiais para as respectivas organizações.