O presidente da Câmara Municipal de Viseu, Almeida Henriques, considerou nesta quinta-feira que é uma “encenação rebuscada” a ligação do seu nome à Operação Éter, que envolve um empresário viseense e dirigentes do Turismo do Porto e Norte de Portugal. Almeida Henriques negou qualquer envolvimento num processo que tem seguido pela comunicação social e disse que num Estado de Direito “não pode valer tudo”.

“Estou surpreso, estupefacto e indignado com este tipo de atitude, sobretudo por me procurarem ligar ao empresário José Agostinho. Quero também informar, e sem receio de ser desmentindo, que nunca fui chamado a depor, nem constituído como interveniente neste processo”, afirmou numa conferência de imprensa realizada depois de conhecida a notícia do Jornal de Notícias, que afirma que o autarca de Viseu está a ser investigado por ligações à corrupção no turismo.

O autarca, que foi secretário de Estado da Economia, confirmou que há cerca de dois meses a Polícia Judiciária esteve na Câmara de Viseu, mas que “até hoje” nunca foi ouvido ou chamado.

“Admito que o facto de ter havido um protocolo com a Turismo do Porto e Norte [para a instalação de uma loja virtual] possa ter suscitado as buscas. O protocolo não se chegou a consubstanciar”, explicou, ressalvando também que não tem qualquer relação de sociedade, directa ou indirecta, com o empresário José Agostinho que detém as empresas responsáveis pela implementação das lojas virtuais que estão a ser alvo da investigação.

Ainda sobre o empresário, Almeida Henriques lembrou que o conhece há mais de 20 anos ao longo da sua actividade profissional e enquanto dirigente de várias associações empresariais. Frisou também que a autarquia usa os serviços das empresas de José Agostinho, como “com qualquer outra da cidade”.

O presidente da câmara de Viseu lamentou que num processo que ainda estará em investigação tenha havido “a promiscuidade de uma notícia que sai solta com o intuito exclusivo de prejudicar alguém”. E questionou: que “Estado de Direito é este onde se mancha a reputação e o bom nome de um cidadão na praça pública”?

“Há claramente aqui alguém que está a pretender ir para além daquilo que é o normal que é procurar encontrar a justiça e fazer essa justiça. Como presidente da câmara e como cidadão, e como quem não sente não é filho de boa gente, quero dizer que estou indignado e tudo vou fazer para que a verdade venha ao de cima”, concluiu, anunciando que vai fazer a sua defesa “nas sedes próprias”.