Portugal integra acção europeia para controlo de planta invasora

Erva-das-pampas põe em causa o desenvolvimento de outras espécies e tem uma propagação rápida e muito invasiva.

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Base da erva-das-pampas com folhas de grande dimensão Invasoras.pt

Portugal está envolvido num projecto, recentemente aprovado pela Comissão Europeia, que tem o objectivo de controlar uma espécie de planta invasora muito agressiva. O impacto da Cortaderia – erva-das-pampas ou plumas – gera problemas a nível ambiental, económico e para a saúde humana. O projecto LIFE + Stop Cortaderia é focado no Arco do Atlântico e, além de Portugal, envolve Espanha e França.

Segundo Hélia Marchante, professora na Escola Superior Agrária de Coimbra e integrante do projecto, “em menos de 20 anos, a espécie teve um aumento incrível [na dispersão], é assustador”. O facto de o plano estar direccionado para uma única planta, a cortaderia, justifica-se pela sua invasão, ainda maior que em território português, na Cantábria, Espanha, onde nasceu o projecto. Todas as acções a pôr em prática têm em conta o desenvolvimento de estratégias e planos de acção para a gestão da espécie, assim como campanhas de comunicação, informação e alerta dos cidadãos sobre as ameaças que a sua expansão representa.

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Aspecto das ramificações da planta invasoras.pt

Com início ainda recente, a iniciativa vai durar quatro anos, até 2020, mas Hélia Marchante lembrou que será para continuar após o seu término. A estratégia vai ter a componente mais física com a efectiva remoção de plantas em Espanha. Já em Portugal o que marca a diferença é o projecto de cartografia em relação à situação actual, que ainda não existe, da zona Norte e parte da zona Centro com o intuito de saber qual o estado em termos de avanço da erva-das-pampas. “Só assim se podem pensar estratégias e novos métodos mais eficientes”, remata a especialista.

O controlo daquela planta torna-se pertinente, principalmente, nas zonas mais afectadas – em Portugal no litoral Centro e Norte, com mais incidência à volta do Porto –, uma vez que a sua propagação é mais espectável e porque prejudicam e criam problemas a vários níveis. Desde a perturbação em vias de comunicação, ao invadir as faixas da estrada, a planta também provoca danos ambientais ao não permitir que outras espécies e animais se desenvolvam. “Há zonas em que é só ela [a cortaderia] que existe”, ressalvou a investigadora. Além disso, “colocar uma dessas plantas no jardim porque é muito bonita está errado, tal como não controlar as que estão à volta”, explicou, ao evidenciar uma das componentes do projecto: as campanhas de informação.

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Pormenor das folhas evidenciando as margens cortantes da Cortaderia, derivando daí o seu nome invasoras.pt

Entre as diferentes iniciativas, a tomar em território português, a especialista destacou as acções de comunicação mais gerais e abrangentes que incluem seminários, formações ou workshops para que a população se inteire de todas as influências negativas da cortaderia. “Tudo culmina, no final do projecto, com um manual de boas práticas”, avançou.

O trabalho e acção de prevenção também têm lugar no projecto e vai ser criada uma rede de alerta precoce, que Hélia Marchante caracteriza como fundamental. A rede vai abarcar um mapeamento que dará conta de onde estão situadas as plantas e, assim, quais as novas áreas para onde se poderão expandir. O controlo atempado da espécie, antes que se propague, e a intervenção sobre ela tornam-se cruciais.

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Área invadida pela espécie num sistema dunar invasoras.pt

A Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Coimbra e o Município de Vila Nova de Gaia são as entidades portuguesas no projecto. No total, vão ser 20 as acções do projecto, esclarece a autarquia de Gaia num comunicado: “Agrupadas em quatro grupos: acções preparatórias e estudos prévios; acções directas de eliminação e controlo da espécie invasora; monitorização e seguimento das acções de controlo; e acções de difusão e sensibilização.”

O investimento total do projecto é de 3,5 milhões de euros, com mais de metade a ser financiado pela União Europeia e o restante pelas diferentes entidades envolvidas.

Texto editado por Teresa Firmino

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