Portugal discute com a Grécia acolhimento de refugiados
Este ano chegaram à Grécia 28 mil migrantes. Neste momento, estão cerca de 50 mil em campos de refugiados.
Portugal discute hoje e na terça-feira com as autoridades gregas a forma como vai ser feito o acolhimento de refugiados que estão naquele país, disse à Lusa o ministro da Administração Interna.
Eduardo Cabrita, que hoje iniciou uma visita de dois dias à Grécia, avançou que Portugal está disponível para receber migrantes que estão em campos de refugiados neste país e, nos encontros bilaterais que vai manter com três ministros gregos, irá discutir "os termos, o tempo e o número de migrantes envolvidos".
"Portugal tem abertura para estabelecer um mecanismo de cooperação bilateral de transferência de migrantes da Grécia para Portugal com apoio da União Europeia", disse.
Segundo o governante, estas reuniões visam discutir "o mecanismo bilateral de cooperação entre Portugal e Grécia no apoio à redução da pressão migratória", apesar de actualmente os números serem mais baixos do que aqueles que se verificaram em 2015 e 2016.
No entanto, frisou, que este ano chegaram à Grécia 28 mil migrantes e, neste momento, estão cerca de 50 mil em campos de refugiados.
Com o fim do programa de recolocação da União Europeia, a Grécia continua exposta a vários factores de pressão migratória, tendo os fluxos aumentado quase 30% em Julho e Agosto em comparação com o período homólogo, de acordo com o Ministério da Administração Interna.
Em Setembro, chegaram às ilhas gregas 3.500 pessoas, uma média de 160 por dia e a Grécia é o país europeu que mais registou pedidos de asilo per capita.
Entre hoje e terça-feira, Eduardo Cabrita tem agendados encontros com os ministros gregos da Política de Migrações, do Interior e da Protecção dos Cidadãos.
O ministro da Administração Interna visitou hoje, na ilha de Samos, o contingente da Guarda Nacional Republicana e do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, integrados em missão da agência europeia de controlo de fronteiras Frontex.
Eduardo Cabrita avançou que o trabalho da GNR e do SEF é reconhecido pelas autoridades gregas locais e nacionais, bem como pela Frontex.
"O SEF e a GNR, integrados na Frontex, têm tido, ao longo destes seis meses, um trabalho que se integra naquilo que é a responsabilidade europeia de salvaguarda das fronteiras comuns, mas também afirma o melhor dos valores humanistas de Portugal", disse.
Este ano, a GNR resgatou e auxiliou em missões da Frontex mais de 2.500 pessoas e, no âmbito das ações de patrulhamento marítimo ao largo da Grécia, foram resgatadas 372 pessoas.
Esta missão do SEF e da GNR na Grécia vai terminar no final do ano, tendo o ministro avançado que Portugal vai reavaliar a presença na Frontex para o próximo ano.
"Existe um compromisso de que Portugal estará presente nas operações do próximo ano", disse, frisando que vai ser feita uma definição dos meios que serão colocadas ao serviço das missões Frontex em 2019.
Na terça-feira, Eduardo Cabrita visita também o Centro de Coordenação Operacional (ICC -International Coordination Center), no porto de Pireu, e o campo de refugiados de Eleonas, em Atenas.