Ministro indiano acusado de assédio sexual por 20 mulheres demitiu-se
M.J. Akbar, jornalista antes de ser ministro, anunciou que vai processar por difamação a mulher que fez as primeiras acusações, a jornalista Priya Ramani.
Um ministro do Governo indiano acusado de assédio sexual por 20 mulheres demitiu-se nesta quarta-feira.
“Considero ser apropriado abandonar as minhas responsabilidades e combater as falsas acusações contra mim”, anunciou M.J. Akbar, um jornalista veterano que se tornou em 2016 um ministro na segunda linha do Ministério dos Negócios Estrangeiros (ministro de Estado para as Relações Exteriores) do Governo de Narendra Modi.
Através de testemunhos divulgados nas redes sociais e na imprensa, várias mulheres acusaram, na semana passada, M.J. Akbar, de 67 anos, de má conduta quando ocupava cargos de responsabilidade no sector da comunicação social.
Em reação às denúncias, M.J. Akbar anunciou no último fim-de-semana que ia avançar com um processo de difamação contra a mulher que fez as primeiras acusações, a jornalista Priya Ramani.
Vários membros da indústria cinematográfica indiana (Bollywood) e dos media indianos têm sido acusados publicamente nos últimos dias de comportamentos inadequados em relação às mulheres.
A vaga de denúncias, associada ao movimento #Me Too (contra o assédio e o abuso sexual) iniciado há mais de um ano nos Estados Unidos, tem abrangido directores, humoristas e jornalistas.
As denúncias estão a ter repercussões na sociedade indiana, fortemente patriarcal, e desencadearam várias demissões e investigações internas desde o início de Outubro.
Priya Ramani foi a primeira mulher a denunciar publicamente M.J. Akbar.
Numa mensagem publicada no Twitter, a jornalista revelou que M.J. Akbar era o editor-chefe que tinha descrito num artigo publicado no ano passado onde relatava uma entrevista de trabalho que tinha decorrido num quarto de um hotel em Mumbai e a conduta inadequada do responsável durante a ocasião.
Quando publicou o artigo, Priya Ramani não revelou a identidade do responsável mencionado no texto.
Depois de Priya Ramani, várias outras jornalistas utilizaram o Twitter para denunciar experiências similares com M.J. Akbar, que antes de ingressar na política ocupou altos cargos em títulos de prestígio como The Telegraph, Asian Age e The Sunday Guardian.