Vincent Kompany exige transparência no futebol
Ministério Público belga confirma a existência de 19 arguidos e de nove detidos preventivamente.
Vincent Kompany, defesa-central do Manchester City, manifestou em entrevista à VTM Nieuws não haver razões para surpresa relativamente ao escândalo que está a abalar o futebol da Bélgica, onde as autoridades confirmaram, já esta sexta-feira, nove detenções e a existência de 19 arguidos após audição de 28 suspeitos.
“É demasiado cedo para falar de uma forma mais concreta. Mas no futebol não podemos surpreender-nos”, declarou o internacional belga. ”O futebol convive de perto com o mundo do tráfico humano, das drogas e da prostituição, práticas que envolvem muito dinheiro e... transacções obscuras. Não entendo é a falta de transparência a nível internacional. Já há demasiada especulação sobre os salários dos jogadores”, refere Kompany, defendendo a divulgação pública dos vencimentos de treinadores, jogadores, agentes e dirigentes.
“Faça-se tudo de forma completamente transparente, para que todos tenhamos que prestar contas do que recebemos. O agente é importante para proteger os interesses dos jogadores ou do clube, mas não entendo por que razão não pode ser transparente”, concluiu Kompany.
Entretanto, o Ministério Público belga confirmou um total de 19 arguidos, nove dos quais se encontram em prisão preventiva, no âmbito da operação de combate à fraude e corrupção no futebol. Ao todo, 28 pessoas foram interrogadas pela polícia, sendo que 19 foram acusadas de associação criminosa, corrupção e branqueamento de capitais.
Entre os nove detidos estão três agentes de futebol, incluindo o antigo presidente do Charleroi, Mogi Bayat, relacionado com transferências fraudulentas entre clubes belgas.
Thierry Steemans, director do Malines, Laurent Denis, antigo advogado do Anderlecht, e o árbitro Bart Vertenten também foram detidos por alegado envolvimento no escândalo que afecta ainda dois jogos de Março deste ano, no qual o Malines terá tentado manipular o resultado através do árbitro Sébastien Delferière para conseguir manter-se na primeira divisão. Delferière é acusado de corrupção e foi suspenso pela Federação Belga de Futebol, à semelhança de Bart Vertenten.
A operação, desencadeada por suspeita de branqueamento de capitais, corrupção e fraude desportiva envolveu pessoas de um total de nove clubes belgas na sequência de buscas em sete países: além da Bélgica, França, Luxemburgo, Chipre, Montenegro, Sérvia e Macedónia.
A investigação teve como base um relatório da Unidade de Fraude Desportiva da Polícia Federal, de 2017, que revelou indícios de transacções suspeitas na principal competição belga de futebol.