Matosinhos vai ter serviço de apoio a cuidadores informais
A Bolsa de Cuidadores arranca no início de 2019 para auxiliar pessoas que dedicam a vida a cuidar de pessoas dependentes e apresentem sinais de fadiga mental e física.
São essencialmente mulheres com idade superior a 50 anos e na sua maioria cuidam de pessoas envelhecidas. Apresentam sinais de cansaço físico e psicológico e referem como principais necessidades o descanso e o apoio socioeconómico. Este é, de acordo com estudo levado a cabo no final de 2017 pela Câmara Municipal de Matosinhos em conjunto com IPSS locais, o retrato dos cuidadores informais do concelho – foram auscultados cerca de 400 (47% são ascendentes ou cônjuges).
Entenda-se por cuidadores informais “pessoas que, voluntariamente, cuidam de outra, numa situação de doença crónica, deficiência e, ou dependência, parcial ou total, de forma transitória ou definitiva, ou noutra condição de fragilidade e necessidade de cuidado, realizando-se este fora do âmbito profissional, ou formal”, que são “não remuneradas, com relação significativa (familiar, parceiro/a, amigo/a e/ou vizinho/a)” e assumem-se “como principais responsáveis pela organização, assistência e/ou prestação de cuidados”.
Esta definição está no documento que nesta terça-feira foi levado a votação em reunião do executivo camarário, que propõe a criação de um serviço municipal de apoio às pessoas cuidadoras informais, designada por Bolsa de Cuidadores. Nasce esta proposta, aprovada por maioria com dois votos contra dos vereadores eleitos pela lista António Parada, Sim!, na sequência do estudo realizado.
O serviço funcionará em parceria com entidades da rede solidária e entidades públicas. Farão parte deste grupo a autarquia, responsável pelo financiamento (cerca de 200 mil euros anuais), a ADEIMA – Associação para o Desenvolvimento Integrado de Matosinhos, Associação Cuidadores, Unidade Local de Saúde de Matosinhos, Centro de Emprego de Matosinhos e IPSS com respostas sociais para pessoas idosas e Instituto de Segurança Social, I.P..
O serviço destina-se a pessoas economicamente carenciadas, cujos rendimentos mensais não ultrapassem os 428,9 euros. Durante o processo de selecção serão privilegiados os casos mais agudos, nomeadamente o de dependentes que apresentem sintomas de síndrome demencial, envelhecimento ou deficiência.
Na prática, os cuidadores contarão com a ajuda de uma equipa de prestadores de serviço que os auxiliarão nas tarefas associadas às necessidades da pessoa dependente. Porém, os utilizadores deste serviço estarão sujeitos a uma comparticipação financeira no valor de 10% da capitação do agregado.
De acordo com a autarquia, arrancará no início de 2019 como projecto-piloto durante um a dois anos. Inicialmente, contará com uma equipa de 10 auxiliares, com um horário de prestação do serviço compreendido entre as 8h e as 20h nos dias úteis, até 70 horas mensais.
A presidente da câmara, Luísa Salgueiro, entende que necessitariam de mais do que 10 prestadores de serviços, mas neste momento diz ser o número possível.
A autarca afirma que o exemplo de Matosinhos devia alargar-se a todo o território nacional. “Esta rede devia existir no pais, correspondendo a uma necessidade perfeitamente identificada, sob responsabilidade do Estado. Tentamos assim dar o exemplo, romper e experimentar”, sublinha.