Bolsonaro e Haddad mantêm-se firmes na liderança das sondagens

Os estudos de opinião indicam que não será possível evitar uma segunda volta para que os brasileiros escolham o próximo Presidente. Os restantes candidatos apostam na rejeição dos líderes.

Foto
Sondagens dão como provável um embate na segunda volta entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad Reuters/REUTERS PHOTOGRAPHER

A menos de uma semana para a primeira volta das eleições presidenciais, o único dado certo parece ser o de que o Brasil não terá um novo Presidente a 7 de Outubro. Nenhum dos candidatos conseguiu uma vantagem sólida sobre os restantes, suficiente para evitar a realização de uma segunda volta.

A tendência tem sido estável ao longo das últimas sondagens: o candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro mantém-se na liderança das intenções de voto, mas é seguido cada vez mais de perto pelo ex-autarca de São Paulo, Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores (PT).

PÚBLICO -
Aumentar

As sondagens da Datafolha e do Ibope, as duas mais representativas, mostram que Bolsonaro parece ter atingido o limiar máximo de apoio, não ultrapassando os 28%. As intenções de voto no candidato apoiado pelo Partido Social Liberal (PSL) têm estabilizado na última semana, depois de terem aumentado após o ataque que sofreu logo no início da campanha.

O seu principal rival, Haddad, continua, por outro lado, o seu percurso ascendente, aumentando cada vez mais o fosso que o separa dos restantes candidatos. Uma sondagem publicada no domingo, realizada pelo instituto MDA, mostrava mesmo os dois em situação de empate técnico, algo que ainda não foi revelado por nenhum dos principais estudos.

Em comum, os dois candidatos líderes das sondagens têm em comum o facto de também serem os dois mais rejeitados pelo eleitorado. A taxa de rejeição de Bolsonaro bate recordes históricos, e está acima dos 45%, enquanto Haddad tem um índice de 32%.

Para Bolsonaro, a estratégia da derradeira semana será a de garantir a vitória no próximo domingo, evitando uma possível fuga de votos. Enquanto esteve hospitalizado, o candidato viu fugir-lhe algum controlo sobre a campanha, que ficou marcado por declarações polémicas do seu companheiro de candidatura – que criticou o subsídio de férias – e do responsável pelo programa económica, Paulo Guedes, que sugeriu a criação de um novo imposto. Em ambas as situações, Bolsonaro foi obrigado a corrigir os companheiros.

As próximas sondagens também vão permitir avaliar o efeito que as manifestações organizadas em todo o país contra Bolsonaro – e também as de apoio que tiveram lugar no domingo – têm nas intenções de voto.

O candidato do PT deverá continuar a explorar o legado eleitoral de Lula da Silva, que permanece o político mais popular do país. Haddad também deverá continuar a evitar confrontar directamente outros candidatos que não Bolsonaro, com os olhos postos em eventuais apoios na segunda volta.

É nos números da rejeição dos líderes que os restantes candidatos depositam mais esperanças para chegarem a uma segunda volta. No debate de domingo, o penúltimo antes das eleições, os três candidatos que perseguem a dupla de líderes concentraram as suas críticas em Bolsonaro e Haddad. Cada um quis apresentar-se perante o eleitorado como o mais indicado para superar a polarização que opõe os dois que vão na frente.

“Pretendo ajudar o Brasil a se reconciliar”, afirmou o candidato do Partido Democrático Trabalhista (PDT, centro-esquerda), Ciro Gomes, que tem aparecido em terceiro lugar nas intenções de voto. A ecologista Marina Silva, que nas eleições de 2014 esteve perto de chegar à segunda volta, garantiu que desde 2010 tem insistido em “unir o país”. O candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB, centro-direita), Geraldo Alckmin, declarou que “os extremos desunem”.

As sondagens não dão a estes candidatos, porém, muitas razões para alimentarem optimismos – o máximo que conseguem almejar anda em torno dos 10%. A estratégia destes candidatos é indicar ao eleitor que há uma terceira via de um centro político moderado, de consenso, união, governabilidade e reformas necessárias para o país”, explicou ao El País o especialista da Fundação Getúlio Vargas, Eduardo José Grin.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários