Benfica acordou a tempo de evitar o pesadelo

Em inferioridade numérica durante toda a segunda parte, “encarnados” regressaram às vitórias na Champions com triunfo sofrido por 2-3 na Grécia.

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Alfa Semedo fez o golo que valeu o triunfo ao Benfica LUSA/PANAGIOTIS MOSCHANDREOU

Podia ter sido um passeio, podia ter sido um pesadelo. A segunda jornada do Grupo E da Liga dos Campeões terminou com uma vitória muito sofrida do Benfica sobre o AEK (2-3), que pode agradecer a Alfa Semedo, o herói improvável dos “encarnados” na visita ao campeão grego. A equipa de Rui Vitória vencia por 0-2 aos 15 minutos, mas jogou toda a segunda parte reduzida a dez por expulsão de Rúben Dias. Os gregos recuperaram até ao 2-2, mas uma incursão de Alfa Semedo ao ataque valeu o golo do triunfo, o primeiro do Benfica na Liga dos Campeões desde Fevereiro de 2017.

O Benfica tem um problema central. Pelo segundo jogo consecutivo, teve de alterar o eixo da defesa a meio do jogo. Em Chaves foi a lesão de Jardel (entrou Conti, que seria expulso). E em Atenas foi a expulsão de Rúben Dias, que obrigou Rui Vitória a testar na segunda parte uma dupla ainda não vista: Conti teve ao lado o compatriota Lema – que fez a estreia absoluta com a camisola “encarnada”.

Antes disso, porém, as coisas corriam de feição ao Benfica. A pressão inicial do AEK durou escassos minutos e, na segunda vez que chegaram à área contrária, os “encarnados” inauguraram o marcador. Conti fez a primeira ameaça, num cabeceamento à figura de Barkas, e um minuto depois Seferovic fez o 0-1. Na recarga a um primeiro remate de Gedson, que o guarda-redes grego defendeu para a frente, o suíço apontou o golo 100 do Benfica na Champions (desde que a prova adoptou o actual formato, em 1992-93).

Os “encarnados” continuaram a carregar e a somar oportunidades. Aos 15’ Grimaldo aproveitou a passividade da defesa grega para ampliar a vantagem, correspondendo de cabeça ao cruzamento de Pizzi. Confortável, o Benfica abrandou o ritmo e geriu a partida – ainda que Rui Vitória não quisesse pensar nisso, domingo há “clássico” contra o FC Porto.

O AEK dava, a espaços, sinal de vida. Vlachodimos começou a acumular boas intervenções (afastou a bola de Ponce aos 33’, desviar o remate de Bakasetas aos 45+1’), dando o mote para uma sua grande segunda parte. Os seus companheiros no sector defensivo não brilhavam tanto, e Rúben Dias complicou a missão “encarnada” ao ser expulso antes do intervalo. Atingiu Ponce, viu o segundo cartão amarelo, e condenou a equipa a jogar toda a segunda parte em inferioridade numérica.

Rui Vitória abdicou de Salvio para colocar Lema no centro da defesa, mas o AEK tinha descoberto ouro noutro lado: a atacar pelo lado esquerdo, os gregos exploraram o filão e infernizaram a vida a André Almeida, muito desapoiado e sem capacidade para travar as incursões de Hult. Numa jogada de insistência, o sueco assistiu Klonaridis, que se antecipou à defesa do Benfica para fazer o 1-2. E pouco depois, Oikonomou, também na esquerda, tocou de cabeça para o “bis” de Klonaridis.

A defesa do Benfica estava à deriva. Era a pior fase dos “encarnados” na partida e o AEK ameaçou mesmo a reviravolta, num lance em que Klonaridis surgiu em boa posição a fazer o remate, mas Vlachodimos correspondeu com uma excelente defesa a negar o hat-trick ao grego.

Só que o Benfica teria um herói improvável em Atenas. Alfa Semedo, lançado por Rui Vitória para estancar a hemorragia no centro do terreno, recolocou a equipa em vantagem no marcador numa das escassas incursões “encarnadas” ao meio-campo adversário na segunda parte. O médio que actuava no Moreirense galgou metros, decidiu-se pelo remate e atirou rasteiro, fora do alcance do guarda-redes do AEK. E estabeleceu a diferença entre um pesadelo e uma noite sofrida.

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