O crowdfunding como forma de recuperar dos incêndios
Depois de um grande incêndio, surge uma miríade de campanhas de angariação de fundos.
Por solidariedade, em causa própria ou como prevenção. Foi assim depois de Pedrogão, a 15 de Outubro de 2017, e também depois dos fogos no Algarve, já este ano. Depois de um grande incêndio, surge uma miríade de campanhas de crowdfunding.
A Casa de Mouraz, que há cerca de 20 anos produz vinhos biológicos na região do Dão, viu 13 hectares de vinha serem destruídos no incêndio de 15 de Outubro. Arderam também alfaias agrícolas e um armazém com parte da produção. Os prejuízos estimados por António Ribeiro, que com Sara Dionísio está à frente da casa, chegam ao meio milhão de euros.
Pouco depois, em Dezembro, a companhia que exporta a maioria do vinho que produz lançou uma campanha de angariação de fundos. A ideia era “fazer algo num momento negro” em que “não era possível replantar nem reconstruir de imediato”, afirma. O objectivo da campanha era chegar aos 100 mil euros. Atingiram metade, mas António entende que “correu bem” e explica que “foi importante para adquirir maquinaria que tinha desaparecido e para avançar com o projecto da adega nova”, que vem ocupar o lugar do armazém. O empurrão foi bem-vindo, até porque diz que, em termos de apoios públicos, rapidamente se apercebeu de “que a agricultura seria um parente pobre”.
O caso de Sérgio Gonçalves, que trabalha na área da publicidade em Lisboa, foi diferente. Explica que lançar a campanha logo a seguir a Pedrogão “foi praticamente um impulso”. O objectivo era recolher fundos para ajudar as vítimas e a primeira meta era chegar aos cinco mil euros. Rapidamente duplicou esse valor e, no início de Julho, o montante saldou-se em 25 mil euros. Foi distribuído em dinheiro e em bens por famílias da região com o auxílio da Rede Pronta, uma associação de voluntários.
A Associação Transumância e Natureza, de Figueira de Castelo Rodrigo, também quis recorrer ao financiamento colaborativo para apoiar os trabalhos de prevenção na Reserva da Faia Brava, composta por 800 hectares destinados à conservação da natureza e que não arde desde 2003. O objectivo de 5500 euros não deve ser atingido, mas a associação já tem outras campanhas em vista, refere a técnica de comunicação Rafaela Faria.