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Parteiras admitem abandonar local de trabalho se negociações com Governo falharem

As enfermeiras parteiras pedem a "inclusão da sua especialidade na carreira". O abandono dos locais de trabalho "não se trata de uma ameaça", esclarece o presidente do Sindicato dos Enfermeiros. "É algo que fica em suspenso."

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Nelson Garrido/ Arquivo

As enfermeiras parteiras admitem abandonar os locais de trabalho caso as negociações do Acordo Colectivo de Trabalho com a tutela falhem, disse nesta terça-feira à agência Lusa, no Porto, o porta-voz do movimento "Enfermagem Unida", José Azevedo.

Em declarações à margem de uma vigília do movimento criado pelas enfermeiras parteiras de todo o país, que reuniu cerca de 50 profissionais de saúde na Avenida dos Aliados, o também presidente do Sindicato dos Enfermeiros (SE) informou "não se tratar de uma ameaça, mas de algo que fica em suspenso para o caso das negociações falharem".

"Este é o movimento das enfermeiras parteiras que, descontentes com a forma como as coisas estão a decorrer, lutam pela inclusão da sua especialidade na carreira que temos estado a negociar", informou o sindicalista.

O movimento "Enfermagem unida", segundo José Azevedo, "tem um projecto, experimentado há meia dúzia de anos na Finlândia, e que consiste em casos extremos na possibilidade de se abandonarem os locais de trabalho, ficando apenas um enfermeiro por serviço".

Normalmente, explicou, os "serviços mínimos são garantidos pelos enfermeiros que estão nos turnos da noite" e comparando essa realidade com a do projecto, este quer "romper com o que tem sido tradição e ficar apenas o mínimo dos mínimos, para dizer onde estão as coisas e mais nada", acrescentou.

"Na última greve, que fizemos entre 13 e 17 [de Setembro] estiveram nos serviços mínimos os enfermeiros que trabalham aos domingos, entre quatro e seis, conforme os serviços, portanto praticamente não se notou", relatou.

Precisando que "as negociações [com o Governo] foram reatadas de forma normal", a vontade das enfermeiras parteiras, "não é, por isso, uma ameaça", reiterou o porta-voz, admitindo, contudo, que "é algo que poderá acontecer caso nestes dois meses de negociação do Acordo Colectivo de Trabalho não se chegue a bom porto".

"É algo que fica em suspenso", concluiu.