Rui Moreira sobre o Infarmed: "O poder político sucumbiu à máquina do Estado"

À entrada para um jantar-debate, Rui Moreira comentou pela primeira vez a suspensão da mudança do Infarmed para o Porto.

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Rui Moreira LUSA/MANUEL FERNANDO ARAÚJO

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, reagiu esta segunda-feira à decisão anunciada pelo ministro da Saúde de suspender a ida do Infarmed para aquela cidade e disse que "o poder sucumbiu à máquina do Estado". Moreira acrescentou ainda que o Infarmed "nunca sairá de Lisboa". 

"É um processo em que o poder político sucumbiu àquilo que é a máquina do Estado e à máquina instalada", disse o autarca à entrada da Fundação Cupertino de Miranda, onde se realizará ainda esta noite um jantar-debate organizado pelo seu movimento.

Rui Moreira acrescentou que ninguém do Governo perdeu cinco minutos para lhe dar uma palavra sobre o assunto. "Fomos confrontados através da comunicação social com o que vai contra uma deliberação do Conselho de Ministros. Ninguém do Governo falou comigo que seja do meu conhecimento", garantiu. 

"Há um ditado que diz: tudo como dantes, quartel-general em Abrantes". Neste caso, assume, é tudo como dantes, Infarmed em Lisboa. "Não me verão rasgar vestes por isto", disse ainda.

Ajuda logística

Rui Moreira começou por dizer que a cidade do Porto e o presidente da Câmara do Porto nunca pediram nada ao Governo relativamente à eventual deslocalização do Infarmed, revelando que foi confrontado uma manhã com um telefonema do primeiro-ministro e, posteriormente, do ministro da Saúde que lhe comunicaram que, em função de uma avaliação política que tinham feito, era decisão o Governo transferir a sede e os serviços principais do Infarmed para o Porto, de forma que pudessem estar instalados em Janeiro de 2019.

O autarca relatou de uma forma detalhada a ajuda logística que o Governo pediu à cidade e não escondeu a satisfação com a notícia de o Porto poder receber a autoridade nacional do medicamento. Mas sublinhou que havia uma questão que par o Porto era clara: “Não estávamos interessados numa placa a dizer Infarmed colocada num edifício qualquer vazio da cidade do Porto”.

Acrescentou também que a autarquia fez tudo aquilo que lhe foi solicitado, recordando que a decisão de deslocalizar o Infarmed para o Porto foi tomada de uma forma unânime por uma comissão nomeada para o efeito, a qual – frisou ­–   confirmou a decisão já anunciada pelo primeiro-ministro e ministro da Saúde. “Pelos vistos agora alguma coisa mudou e nós fomos confrontados pelas declarações do senhor ministro no Parlamento que vão contra aquilo que era uma deliberação o Conselho do Ministros”.

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