Walt Disney está vivo para os lados de Hogwarts e recomenda-se

Uma divertida comédia sobrenatural para toda a família que remete para os velhos filmes da Disney dos anos 1960.

Fotogaleria
Fotogaleria
Fotogaleria
Fotogaleria
Fotogaleria

Há motivos de sobra para achar O Mistério da Casa do Relógio uma surpresa muito mais do que agradável. Em primeiro lugar, a história de um órfão acolhido por um tio excêntrico que se revela ser um feiticeiro prometia uma simples "colagem" ao sucesso de Harry Potter – mas o livro em que se inspira é muito anterior ao jovem feiticeiro criado por J. K. Rowling, pois foi escrito em 1973 por John Bellairs, prolífero autor de literatura juvenil. A adaptação a filme, escrita por Eric Kripke (criador da série Sobrenatural), é extremamente fiel à trama do livro e organiza-se como uma comédia de aventuras com toques sobrenaturais, onde Lewis, o tio (Jack Black, contido) e a vizinha do lado (Cate Blanchett) procuram resolver o mistério de um estranho tique-taque que vem de algures das entranhas de uma casa que, ainda por cima, parece estar viva. (Os gagues da cadeira, do vitral e sobretudo do grifo do jardim são inspiradíssimos.)

i-video

O segundo motivo da surpresa é que este talvez seja o melhor filme de Eli Roth, o afilhado de Quentin Tarantino cujos Hostel ajudaram a lançar a vaga do torture porn e que vimos pela última vez há poucos meses a dirigir Bruce Willis numa remake falhada de Death Wish. Aqui, encaixado num papel de “tarefeiro” num filme para toda a família, Roth parece estar muito mais descontraído e preocupar-se apenas com a maneira mais eficaz de gerir o ritmo e os sustos light da história – coisa que faz sem inventar a roda e sem perder tempo com inutilidades.

E, finalmente, chega a maior surpresa de todas: a sensação de que estamos a ver uma daquelas fitas de que a Disney tinha o segredo nos anos 1960, como o Carocha dotado de vontade própria de Se o Meu Carro Falasse… ou o gato extra-terrestre de O Gato que Veio do Espaço. Tal como esses filmes, O Mistério da Casa do Relógio é descontraído, despretensioso, sem mensagens nem “universo cinemático”, sem outra intenção aberta que não seja um entretenimento divertido para toda a família. Os actores embarcam na viagem com gosto (a Blanchett, sobretudo, é impecável), e o espectador diverte-se com eles durante pouco mais de hora e meia. Hoje em dia, acreditem, não é nada de deitar fora.

Sugerir correcção
Comentar