Medina: acesso ao Miradouro de Sta. Catarina “pode passar por ter uma vedação”
Presidente da Câmara de Lisboa recusa política que favorece a gentrificação e frisa que o miradouro do Adamastor “é um espaço público que se manterá sempre aberto a todos”. Mas antevê vedar o espaço a certas horas.
Depois de na assembleia municipal ter frisado que o Miradouro de Santa Catarina iria passar a ser uma zona com acesso “condicionado” à noite, o presidente da Câmara de Lisboa assumiu abertamente esta quarta-feira a possibilidade de colocar uma vedação na zona do Adamastor. “A nossa posição é de condicionamento do acesso, que pode passar por ter uma vedação – não vejo outra forma”, disse Fernando Medina aos jornalistas.
À margem de uma visita ao Panorâmico de Monsanto, onde se realizará a partir de sexta-feira o festival de artes e música urbana Iminente, Medina foi questionado sobre as obras no Miradouro de Santa Catarina, em pleno centro histórico de Lisboa, que um grupo de cidadãos e uma petição estão a contestar e que na terça-feira foi um dos temas da assembleia municipal. Voltando a refutar as acusações de que a câmara quer concessionar ou privatizar o miradouro em benefício do hotel de luxo que está na histórica colina de Lisboa, Medina frisou: “É um espaço público que se manterá sempre aberto a todos”.
Quando detalhava que o plano de “condicionamento ao acesso é a partir de determinada hora da noite”, foi questionado sobre como se executa tal condicionamento. Medina admitiu que a única possibilidade que antevê é “ter uma vedação”.
“Agora, estou aberto a outras soluções no debate com os moradores, no debate com as pessoas. Não estou disposto é a continuarmos a ter uma situação degradante” na zona, insistiu, acrescentando que “na zona do Miradouro de Santa Catarina se regista de há vários anos a esta parte um conflito muito grande entre o bem-estar e a qualidade de vida dos moradores e residentes e a utilização que é feita pela vida nocturna naquele espaço”.
Da assembleia municipal saiu a decisão, fruto de um pedido da oposição, de se realizar um debate público sobre as obras. Esse seguir-se-á a outros que já decorreram na zona, nas páginas dos jornais e nas redes sociais sobre a utilização do espaço público de uma das mais famosas e liberais vistas da cidade de Lisboa. Tendo como centro nevrálgico o miradouro e o quiosque que há anos lá funciona, é uma zona de vida nocturna informal e que Fernando Medina voltou a descrever como zona de tensões minada pelo “tráfico de droga”, falta de “higiene urbana” e pelo “sentimento de insegurança dos moradores”.
A resposta a isso, independentemente dos debates, passará por “requalificar o espaço urbano, por uma nova gestão do quiosque e instalações sanitárias que lá estão, [e] passa pela instalação de um sistema de videovigilância proposto pela PSP”.
“Não se confunda a necessidade de intervir” em prol da segurança e “equilíbrio” da zona “com uma política, completamente contrária ao que a câmara quer fazer, de acentuar a gentrificação do espaço. Isso não é verdade, é falso e não nos demove do que é genuíno na nossa intenção, que é melhorar a qualidade de vida”, rematou o presidente da Câmara de Lisboa.