Emidio Sousa prevê mau resultado para o PSD se Rio não se focar no país

Autarca e ex-apoiante de Santana elogia Passos Coelho e desafia novo líder do PSD a deixar de dar importâncias às querelas internas e apresentar um “projecto ambicioso que cative o eleitorado”.

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Emídio Sousa à espera que Rui Rio convoque o partido Manuel Roberto

O presidente da Câmara de Santa Maria da Feira e líder da concelhia do PSD, Emídio Sousa, compara Rui Rio a um “general” que precisa de tropas para “vencer a guerra” e Pedro Passos Coelho a um “estadista de quem o país vai ter muitas saudades”.

“Rui Rio é uma pessoa inteligente (…), é um general, mas não há general nenhum que vença uma guerra sem tropas”, afirma em jeito de aviso Emídio Sousa, aconselhando o ex-autarca do Porto a deixar de falar das questões internas e a focar-se no país. “De uma vez por todas, Rui Rio tem de começar a falar do país e para o país”, afirma.

Quanto a Passos Coelho, elogia a sua governação, sob o jugo de um “apertado programa de austeridade”. “A verdadeira qualidade de um grande político, de um grande estadista vê-se passados alguns anos, após o fim das suas funções governativas, e eu tenho a certeza de que o país vai ter muitas saudades do dr. Passos Coelho”.

O ex-mandatário distrital de Aveiro da candidatura de Pedro Santana Lopes às eleições directas no PSD entende que o partido tem de se preparar para os “combates eleitorais intensos” que vai enfrentar em 2019 e, nesse sentido, lança um desafio ao líder para que mobilize o PSD: “É mais do que tempo de o partido ser mobilizado e acho que cabe ao dr. Rui Rio dar esse sinal, para que o partido possa ter o melhor resultado possível”.

Para o autarca social-democrata, "é tempo de nos dedicarmos a preparar um programa, de apresentarmos uma alternativa credível de governo aos eleitores porque se não o fizermos vamos chegar às eleições e vamos ter um mau resultado”.

Evitando pronunciar-se sobre o mau momento que o PSD atravessa, o autarca prefere falar do futuro. Estamos todos à espera que o dr. Rui Rio definitivamente chame o partido para trabalhar com ele e para termos um bom resultado e há muita gente disposta a trabalhar com ele”.

Quanto às sondagens, pouco animadoras para o partido, o autarca de Santa Maria da Feira acredita que elas só podem melhorar, se o projecto social-democrata for “ambicioso e cative o eleitorado”. “O PSD sempre que ganhou eleições foi porque tinha bons programas, desde privatizações a situações de ruptura, à libertação do Estado”, sustenta Emídio Sousa.

Com o partido a refazer-se dos vários episódios que correram menos bem ao líder do PSD na passada semana, André Ventura, outro crítico, admite recuar na recolha de assinaturas para a convocação de um congresso extraordinário até ao final do ano, se a reunião, com carácter de urgência, que solicitou a Rui Rio evidenciar “capacidade para gerar consensos e aproximações”. “Ninguém tem interesse em lançar o partido de novo numa crise interna”, afirma ao PÚBLICO André Ventura, que em 2017 liderou a lista social-democrata à Câmara de Loures.

O advogado reconhece que é um “risco duplo” colocar em causa a actual liderança, porque, sustenta, “cria na opinião pública a percepção de que se o partido não se entende internamente como será com o país?” Por outro lado, refere, que os últimos episódios protagonizados por Rio, designadamente a reacção à “taxa Robles”, foram a gota de água. “Se Rui Rio acha mesmo que, com esta aproximação, vai tirar votos ao Bloco, é porque conhece muito mal a realidade política portuguesa e isso é preocupante”, insurge-se André Ventura.

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