Barcelos passa a ter transportes públicos e quer servir, para já, 30.000 pessoas
O BarcelosBus parte para a estrada na terça-feira. O sistema integra, por ora, duas rotas que passam no centro da cidade e que podem servir cerca de 30.000 pessoas.
Os habitantes do centro urbano de Barcelos e das freguesias em seu redor vão dispor pela primeira vez de um serviço de transportes colectivos fornecido pela Câmara Municipal. Chama-se BarcelosBus e começa a operar nesta terça-feira, logo de manhã, depois de ter sido oficialmente inaugurado na segunda.
Com uma frota inicial de dois autocarros – cada veículo tem 30 lugares sentados, 20 de pé e ainda lugares destinados a pessoas com mobilidade reduzida -, o sistema vai abranger 30.000 barcelenses, cerca de um quarto da população do concelho – era de 120.391, aquando do Censos 2011 – e 12.000 habitações, revelou ao PÚBLICO o vereador municipal responsável pela mobilidade e pelos transportes, José Beleza. “Este sistema era uma necessidade. Tínhamos de fazer todos os esforços nesse sentido”, frisou.
Ainda em fase experimental, o serviço vai arrancar com duas linhas, que se cruzam junto ao recinto da feira semanal da cidade, na Avenida dos Combatentes da Grande Guerra. A linha amarela vai ligar Vila Frescainha de São Pedro, na zona oeste da cidade, a Arcozelo, a norte do centro histórico, num itinerário de 10 quilómetros, em cada sentido, com apeadeiros no acesso pedonal ao Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA), no mercado municipal e na estação ferroviária. O autocarro vai passar de 40 em 40 minutos em cada uma das 19 paragens da rota.
Já a linha vermelha, com 13 quilómetros de extensão, vai ligar o Estádio Cidade de Barcelos, na freguesia de Vila Boa, também a norte do centro histórico, à freguesia de Santa Eugénia de Rio Covo, na margem sul do Rio Cávado. Nesta rota, o autocarro vai parar em locais como o Tribunal Judicial e a Câmara Municipal de hora em hora. A deslocação de norte para sul contempla a passagem por mais escolas e integra 23 apeadeiros, mais seis do que o percurso inverso.
Inaugurado no âmbito da Semana Europeia da Mobilidade, iniciativa organizada, em Portugal, pela Agência Portuguesa do Ambiente, de 16 a 22 de Setembro, o serviço vai funcionar gratuitamente na primeira semana. Depois, um bilhete para a linha inteira vai custar um euro e para meia linha 50 cêntimos. Já o passe para reformados vai custar 10 euros por mês e o passe social 20 euros. Os autocarros vão circular entre as 06h40 e as 19h30, durante a semana, e entre as 06h40 e as 13h30, ao sábado.
Sem qualquer histórico nos transportes públicos, a Câmara de Barcelos teve de criar um sistema a partir do “estudo de modelos de outras cidades em Portugal e fora do país”, reconheceu José Beleza. Com um orçamento anual estimado em 150.000 euros, o vereador realçou que a obtenção de lucro no primeiro ano seria o “cenário ideal” para a autarquia, mas considerou essa hipótese pouco provável, dizendo não conhecer nenhum exemplo semelhante em Portugal. “Se, no primeiro ano, conseguirmos uma receita superior a metade dos custos anuais, é sinal que andamos na média dos outros municípios”, observou.
Para o responsável, o facto de o sistema ser uma nova realidade em Barcelos também adensa a incerteza quanto ao sucesso do sistema. José Beleza considerou que as pessoas vão precisar de tempo para “entenderem a melhoria da qualidade de vida” que o serviço de transportes vai gerar. Entre os eventuais benefícios, o vereador salientou a inclusão social, a redução do problema do estacionamento no centro da cidade e o alargamento das opções de mobilidade para os estudantes. “A ligação entre a estação ferroviária e o polo de Barcelos do IPCA vai ser uma mudança enorme para os estudantes lá matriculados”, especificou.
Sem verbas para cobrir, para já, todo o concelho, a autarquia pretende, no futuro, aumentar o número de linhas, a frequência dos autocarros e estabelecer um sistema de bilhética que contemple o uso de várias modalidades de transporte pelos passageiros. Para José Beleza, a autarquia tem de saber precaver tais situações. “Não podemos construir um sistema estanque. A bilhética tem de permitir que as pessoas façam o transporte intermodal”, disse.