Quercus quer registo de reciclagem de electrodomésticos para evitar roubos

Quercus diz que há muitas situações de roubo de compressores de frigoríficos que iriam para reciclagem para lhes retirar cobre. Ao serem desmantelados sem as devidas cautelas, podem libertar clorofluorocarbonetos.

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Quercus diz que recicladores e sucateiros não deviam aceitar materiais fruto do saque destes electrodomésticos PAULO PIMENTA

A associação ambientalista Quercus exige que haja um registo das entidades autorizadas a entregar para reciclagem frigoríficos ou outros equipamentos de refrigeração, alegando que "há roubos" de compressores para sacar cobre, o que desencadeia contaminação ambiental.

Em véspera do Dia Mundial para a Preservação da Camada de Ozono, Carmen Lima, dirigente da Quercus, relatou à Lusa que muitos dos frigoríficos que seriam para reciclagem são "alvo de saque" dos compressores, que contêm cobre, e que ao serem desmantelados sem as devidas cautelas têm "um enorme impacto ambiental".

"Há roubo de compressores, o que é muito grave. O roubo acontece porque se procura o cobre, que é valioso. Mas quando se saca o compressor do electrodoméstico, libertam-se os CFC" [químicos sintéticos denominados clorofluorocarbonetos e que contribuem para o buraco do ozono]", afirmou Carmen Lima.

A ambientalista ressalva que é muito difícil comprovar como se dá o roubo do material, podendo mesmo haver casos de equipamentos colocados na rua para serem recolhidos pelas autarquias para reciclagem e aos quais são retirados os compressores.

Mas, segundo a Quercus, há muitos equipamentos que chegam às unidades de reciclagem já sem compressor ou com o sistema de circulação do gás danificado, o que mostra que permitiu fuga de poluente antes do equipamento ser submetido a um tratamento.

Além disso, quando um electrodoméstico já sem compressor é entregue para reciclagem, deixou já de ser um resíduo perigoso.

Entregas apenas a entidades registadas

A associação considera ainda que os recicladores e os sucateiros não deviam aceitar materiais fruto do saque destes electrodomésticos.

Os ambientalistas entendem que os electrodomésticos só deviam poder ser entregues aos recicladores por entidades registadas que façam o seu desmantelamento, defendendo a Quercus que haja um registo de quem pode entregar os equipamentos de refrigeração para reciclagem.

A Quercus considera grave que uma parte dos equipamentos deitados fora ainda possa libertar CFC e entende que é preciso apertar as regras e haver fiscalização.

Em Portugal, os CFC nos novos electrodomésticos já estão proibidos, mas continuam a existir em equipamentos já usados. Para dar resposta aos equipamentos fora de uso, foram criadas entidades gestoras que devem assegurar o correcto encaminhamento dos resíduos de equipamentos eléctricos e electrónicos para destinos licenciados e preparados para separar os componentes perigosos para a camada do ozono, garantindo-lhe um destino seguro.

"Mas enquanto houver falhas no processo, não conseguiremos assegurar a protecção da camada de ozono", entende Carmen Lima.

Segundo dados da Quercus, em 2015 foram colocadas no mercado nacional 84.058 toneladas de grandes electrodomésticos, nos quais estão enquadrados os frigoríficos e as arcas congeladoras, livres de CFC. Também nesse ano, foram recolhidas 30.540 toneladas de resíduos de electrodomésticos de grandes dimensões.

A camada de ozono é um escudo gasoso frágil que protege o planeta das radiações solares, preservando assim a vida na Terra.