A ternura dos sessenta
Não fossem as suas actrizes e esta comédia romântica geriátrica seria um desastre.
A ideia de uma comédia romântica geriátrica não é má — porque raio haverão as comédias românticas de estarem restritas aos jovens e aos trintões? E Bill Holderman, produtor em tempo de estreia na realização, tem um casting de luxo: Diane Keaton, Jane Fonda, Candice Bergen e Mary Steenburgen no papel de quatro “sessentonas” de sucesso, amigas de longa data, cuja libido é reactivada pelas Cinquenta Sombras de Grey; Richard Dreyfuss, Andy Garcia e Don Johnson no papel dos homens que as rondam. Mas, infelizmente, a única coisa que Holderman tem é mesmo o seu casting, porque a mise en scène é inexistente (quando não desastrada) e o argumento nunca abandona o nível da comédia televisiva desinspirada, abraçando em demasia o cliché da piadola brejeira light.
É um daqueles filmes que parece feito para televisão ou por gente da televisão (aliás, vale a pena perguntar o que raio faz Do Jeito que Elas Querem em sala, quando tanto filme francamente mais interessante não tem direito a estreia). Não fossem as suas actrizes, a divertirem-se imenso umas com as outras e a convidar o espectador a divertir-se com elas, e o filme seria um desastre sem salvação possível; com elas, e sobretudo com Keaton e a demasiado rara Bergen, é um entretenimento descartável que se vê sem fastio e até dá direito a um par de risos.