Chefe dos serviços de informação interna da Alemanha sob escrutínio
Hans-Georg Maassen foi ouvido esta quarta-feira numa comissão parlamentar depois de enfrentar pedidos de demissão.
O chefe dos serviços de informação interna da Alemanha, Hans-Georg Maassen, explicou esta quarta-feira numa comissão parlamentar a sua afirmação polémica de que não havia provas de uma perseguição a pessoas com aparência estrangeira tivesse ocorrido numa manifestação de extrema-direita em Chemintz, a 26 de Agosto.
Maassen escreveu ao ministro do Interior, Horst Seehofer, explicando que não duvidou que tivesse havido acções criminosas dos extremistas, nem afirmou que o vídeo teria sido manipulado, mas sim duvidava de que o vídeo pudesse ser prova das perseguições naquele dia exacto – e quem teria de o provar era o autor do vídeo, segundo a agência DPA.
Na entrevista ao diário de grande circulação Bild, Maassen afirmrao que “não havia provas” de que o vídeo “fosse verdadeiro”. Mas agora sublinhou que se tivesse querido dizer que as imagens poderiam ter sido manipuladas, “teria escolhido precisamente essas palavras”. Na Alemanha os entrevistados revêm habitualmente as entrevistas antes da sua publicação.
O secretário-geral do SPD, parceiro da CDU de Merkel na coligação no Governo em Berlim, Lars Klingbeil, fez no domingo um ultimato a Maassen, segundo o jornal Die Zeit: “Ou apresenta esta semana provas claras das suas alegações, ou deve deixar o seu cargo”.
O Partido Liberal Democrata (FDP), na oposição, criticou Maassen mas também a chanceler, Angela Merkel. Konstantin Kuhle, deputado do partido e responsável por questões de política interna, disse que a discussão sobre este caso “é um sintoma do afastamento entre as autoridades de segurança pública e a política”, e nem a chanceler nem o seu ministro do Interior (que disse apoiar Maassen) “deviam usar os serviços de informação interna para os seus interesses político-partidários”.
Também a deputada dos Verdes Katrin Göring-Eckardt disse que Maassen deveria ser afastado porque não se sabe se o responsável “está a monitorizar a extrema-direita ou a treiná-la”, cita a revista Der Spiegel.
Maassen foi recentemente questionado na sequência da alegação, feita num livro de uma antiga líder da ala jovem da AfD (Alternativa para a Alemanha), que o responsável se reunira com a líder do partido, Frauke Petry, para a aconselhar sobre os limites que o partido de direita radical deveria evitar para não ser considerado demasiado extremista e, assim, ser vigiado pelas autoridades (algo que foi agora pedido na sequência da participação do partido nos protestos de Chemnitz). Maassen negou ter dado estas indicações a Petry, que entretanto também saiu do partido após eleita, há quase um ano.
Em Chemnitz (Leste da Alemanha), a morte de um alemão numa altercação com três estrangeiros, requerentes de asilo, ainda não foi explicada. No fim-de-semana, um alemão morreu em Köthen (também no Leste), aparentemente vítima de um ataque cardíaco durante uma luta com dois afegãos, e as autoridades reforçaram a presença policial para garantir que não havia violência nas várias manifestações convocadas na sequência desta morte.