CP vai alugar quatro comboios a diesel à espanhola Renfe

Comboios chegam em 2019. A CP tem actualmente 20 composições alugadas à Renfe, a quem paga sete milhões de euros por ano.

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Portugal ainda usa comboios a diesel uma vez que cerca de um terço da infra-estrutura ferroviária portuguesa está por electrificar José Maria Ferreira
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Nelson Garrido

A CP — Comboios de Portugal vai alugar à espanhola Renfe quatro comboios a diesel (gasóleo) que deverão começar a chegar a Portugal no início de 2019, disse à Lusa fonte oficial do Ministério do Planeamento e das Infra-estruturas.

O aluguer dos comboios será formalizado com a assinatura de um protocolo esta segunda-feira de manhã em Madrid, Espanha, numa cerimónia com a presença dos presidentes da CP e da Renfe, do secretário de Estado das Infra-estruturas, Guilherme W. d'Oliveira Martins, e do seu homólogo espanhol, Pedro Saura.

A CP tem actualmente 20 composições alugadas à Renfe, a quem paga sete milhões de euros por ano, ou seja, cerca de 350 mil euros por comboio.

O Ministério do Planeamento e das Infra-estruturas não quis adiantar à Lusa qual será o preço que será pago por cada nova composição, afirmando que ainda será acertado nas negociações mais técnicas que se seguirão.

Os comboios da Renfe têm de sofrer adaptações para circularem em Portugal, a nível de segurança e sinalização. Necessitam também de homologação por parte do IMT — Instituto da Mobilidade e dos Transportes.

Em Julho, o ministro do Planeamento, Pedro Marques, anunciou o adiamento de comboios a Espanha para melhorar o serviço nas linhas do Oeste e do Algarve, sem adiantar quantos seriam.

O protocolo que será assinado segunda-feira em Madrid acordará ainda a realização de testes técnicos para avaliar se é possível também alugar comboios eléctricos à Renfe. De momento, a CP não tem quaisquer composições eléctricas alugadas à Renfe, apenas a diesel.

O Ministério do Planeamento e das Infra-estruturas indicou que serão feitos "testes técnicos" para saber se os comboios eléctricos da empresa espanhola são adequados à ferrovia portuguesa e "qual o material mais adequado".

Além disso, é preciso saber se os espanhóis têm disponibilidade de comboios eléctricos que se encaixem nas necessidades de Portugal, acrescentou.

O protocolo passa ainda pela troca de experiências de manutenção de comboios entre as empresas de manutenção da CP (EMEF) e a Renfe.

O Governo tem dito que o aluguer de comboios pela CP visa suprir as necessidades enquanto se espera pelo concurso para a compra de comboios — que ainda está por lançar e que pode demorar três a quatro anos.

Em 20 de Agosto, após uma visita às oficinas de Campolide, em Lisboa, o presidente da CP, Carlos Nogueira, falou no eventual aluguer de seis a dez comboios.

Portugal apenas pode alugar comboios a Espanha, uma vez que ambos os países têm bitola (distância entre carris) ibérica. Portugal ainda usa comboios a diesel uma vez que cerca de um terço da infra-estrutura ferroviária portuguesa está por electrificar.

Presidente da CP no Parlamento

As queixas sobre o serviço prestado pela CP subiram de tom recentemente e o tema já se tornou motivo de confronto político. A 4 de Setembro, o presidente da CP estará no Parlamento numa audição "sobre a degradação do material e o serviço prestado", pedida pelo PSD, segundo informação no site da Assembleia da República. A 6 de Setembro é a vez de o ministro do Planeamento e das Infra-estruturas, Pedro Marques, estar na comissão permanente para debater a situação da ferrovia.

A CP divulgou esta semana que teve prejuízos de 54,6 milhões de euros no primeiro semestre, abaixo das perdas de 58,1 milhões de euros registadas nos primeiros seis meses de 2017.

No comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a empresa disse que estes resultados foram tidos num "cenário de ausência de indemnizações compensatórias e de contratualização do serviço público" e que para a redução dos prejuízos "contribuíram, essencialmente, os proveitos de tráfego e a melhoria do resultado financeiro, motivada pela diminuição do passivo financeiro da empresa".

Entre Janeiro e Junho deste ano, o Estado acordou injectar 54,9 milhões de euros na CP, mas apenas 36,9 milhões de euros foram já realizados. O valor restante será injectado este mês, segundo os resultados semestrais.