Jovane Cabral acabou com navegação à vista do Sporting
Os “leões” quebraram a resistência do Feirense já na recta final e juntaram-se ao Sp. Braga no comando do campeonato.
Foi à tangente, com muito suor à mistura, mas o Sporting salvou mais um assalto importante antes das eleições e venceu, em Alvalade, um Feirense de duas caras (1-0), na 4.ª jornada da Liga. Jovane Cabral foi o “joker” de Peseiro, a decidir tudo a dois minutos de perder a batalha para um desespero potenciado pela muralha de Caio Secco.
Ainda privado de Mathieu e Bas Dost, José Peseiro não alterou uma vírgula relativamente às escolhas que renderam um ponto no clássico da Luz, na jornada anterior. Diaby viu adiada a ansiada estreia a titular e assistiu, do banco, ao primeiro lance de perigo dos “leões”, invariavelmente da autoria de Nani, que esteve muito perto de assinar o quarto golo em quatro jornadas.
O Feirense dava os primeiros sinais de nervosismo e permitia, antes de completado o segundo minuto de jogo, uma penetração subtil pela direita, com Bruno Fernandes a solicitar o remate de Nani, bloqueado por Edson Farías. A bola sobrou para Acuña, mas Caio Secco sacudiu o perigo, por puro instinto.
Estavam feitas as apresentações em Alvalade, onde o Feirense raramente conseguia ligar o jogo, ficando à mercê da autoridade sportinguista. Uma superioridade clara que, estranhamente, resultava inócua, mesmo quando o Feirense convidava o “leão” a tentar o golo. Uma intervenção desarticulada de Caio Secco era disso exemplo flagrante, ao permitir que Bruno Fernandes ganhasse uma bola na área e que Nani, de cabeça, voltasse a ameaçar as redes feirenses.
Os 100% de que Nuno Manta falara para traduzir o sentimento de fé na vitória começavam a diluir-se, apesar de também os visitantes se apresentarem fiéis a uma ideia de jogo que já rendera sete pontos em três jogos. Apenas o “capitão” Cris como novidade, no lugar do azarado Babanco, unidade em destaque neste arranque de época na equipa com a defesa menos batida da Liga.
Mas o Feirense, mesmo sem um rasgo ou um sinal de que poderia complicar em demasia a tarefa do Sporting, acabaria por, num livre de Edinho, a raspar a barra, sublinhar a ideia de que não precisaria de muitas oportunidades para ferir o adversário. A bola desviada pelo ferro voltaria, já no período de compensação da primeira parte, a rondar a baliza de Salin, que via a condição de espectador desafiada pelo raro contra-ataque visitante, com Sturgeon a irromper na direita e a oferecer o golo a um Edinho desinspirado e incrédulo pela deficiente finalização. Também nesse capítulo tudo chegou empatado ao intervalo, depois de Caio Secco ter negado o golo a Montero e a Raphinha, no mesmo lance.
Animado pelo último lance do primeiro “assalto”, o Feirense reapareceu mais confiante, fluido e capaz de gerir o momento de construção, o que lhe permitiu acercar-se da área de Salin com uma regularidade preocupante para Peseiro. Coates, de forma inadvertida, acabou por ser cúmplice numa iniciativa de Luís Machado que o uruguaio controlou mas que acabou por permitir a intromissão de Edinho. Felizmente para o “leão”, o goleador da Feira continuava pouco esclarecido e desperdiçava uma oportunidade de ouro.
Inconformado com o rumo que o jogo parecia ganhar, José Peseiro injectou a velocidade e a imprevisibilidade de Jovane Cabral, riscando Jefferson e deslocando Acuña para a lateral. Os resultados foram instantâneos, com o Sporting a libertar-se dos bloqueios e a sair de um marasmo perigoso. Repentinamente, Caio Secco estava em todo o lado, preenchendo a baliza para desespero dos sportinguistas, que começavam a sofrer do síndrome da visão de túnel. Peseiro jogava a segunda cartada, trocando Montero por Castaignos, com Nuno Manta a endurecer o jogo psicológico ao colocar João Silva. Mas o destino determinou que seria mesmo Jovane a resolver a vida do “leão”, que evitou o segundo empate consecutivo, projectando a equipa para o topo.