Companhias aéreas aumentam tempo de voo para evitar pagar indemnizações

As transportadoras aéreas deixam algum tempo de manobra para dar a impressão de que os passageiros chegam ao destino à hora prevista — melhorando os níveis de pontualidade e evitando pagar indemnizações por atrasos.

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Fábio Augusto

Há uma década, os aviões demoravam menos tempo a chegar ao destino. É esta a conclusão de um relatório divulgado esta segunda-feira pela Which?, uma marca britânica de apoio ao consumidor, que revela que alguns voos da Ryanair, Easyjet, British Airways e Virgin Atlantic estão a demorar até 35 minutos a mais do que há dez anos.

Esta demora pode ser explicada pela margem de manobra criada pelas transportadoras aéreas para melhorar os seus níveis de pontualidade, para baixar a probabilidade de pagar indemnizações aos passageiros e para que os atrasos não afectem os restantes voos programados para o dia, lê-se no documento.

Os investigadores da Which? Travel analisaram os tempos de voo de 125 rotas e aperceberam-se de que 76 dessas rotas demoravam mais tempo do que em 2008, apesar dos avanços na indústria aeronáutica.

Vários casos

No relatório, é dado o exemplo da Ryanair: nove das 11 rotas analisadas demoram mais tempo em 2018 do que demoravam há dez anos.

No caso dos voos da Virgin Atlantic, nove dos 12 analisados eram também mais longos do que outrora, havendo um voo entre o aeroporto de Heathrow, em Londres, e o aeroporto de Newark, EUA, a demorar mais 35 minutos do que acontecia anteriormente.

Nos 26 voos da Easyjet analisados, 16 estavam mais lentos. Para ir num voo da Easyjet do aeroporto de Gatwick, em Londres, para o aeroporto de Schonefeld, em Berlim, são precisos mais 19 minutos do que em 2008.

“Os passageiros provavelmente sentem que este tempo extra é mais um caso das transportadoras aéreas a enganá-los”, observou o editor da secção de Viagens da Which?, Rory Boland, ao jornal britânico The Guardian.

“Estes tempos de voo superiores fazem com que os passageiros passem mais tempo à espera na zona de embarque ou mesmo dentro do avião, só para que as companhias se possam congratular por chegarem ‘a tempo’ ao destino”, acrescentou.

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