Colômbia põe drones a destruir plantações de coca

Durante os testes iniciais, com apenas dez drones, as pequenas aeronaves conseguiram eliminar 90% das plantas de coca por cada meio hectare.

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Folhas de coca, usadas para produzir cocaína Reuters/ENRIQUE CASTRO-MENDIVIL

O Governo colombiano começou a testar o uso de drones para destruir plantações de coca ilegal, com recurso a herbicidas. A medida, que faz parte do legado deixado pelo ex-Presidente Juan Manuel Santos, será usada pelo actual chefe de Estado, Iván Duque, no combate à produção e tráfico de droga. 

Este novo método de combate às drogas nasce de uma parceria entre o Governo e a empresa de drones Fumi, fornecedora das aeronaves.

Durante os testes iniciais, que envolveram dez drones (cada um deles com 23 quilogramas), as pequenas aeronaves conseguiram eliminar cerca de 90% das plantas de coca (usadas para fazer cocaína) por cada meio hectare, contou o director de operações da Fumi, German Huertas, citado pela BBC.

A medida foi autorizada pelo Presidente cessante Juan Manuel Santos. Os drones seriam usados para para fumegar plantações de coca a baixa altitude, usando o herbicida glifosato.

A decisão surgiu apenas um dia depois de as Nações Unidas divulgarem novos dados que indicam que o cultivo de coca na Colômbia aumentou 11%, passando de 188 mil hectares plantados em 2016 para 208 mil hectares em 2017.

Com esta medida, Santos contava erradicar 110 mil hectares de coca ao longo deste ano.

O uso de glifosato, um dos herbicidas mais usados no mundo, não é consensual. Em 2015, Juan Manuel Santos suspendeu o seu uso, cumprindo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde, que defendia que o glifosato era um potencial agente cancerígeno. Um ano depois, num relatório conjunto com as Nações Unidas, as conclusões iniciais da Organização Mundial de Saúde foram contraditas: é, escreveu-se, “improvável” que o glifosato tenha “risco carcinogénico”.

Na verdade, a discussão dura até 2018. No início de Agosto, um tribunal na Califórnia condenou o gigante agrícola Monsanto, o principal produtor do composto químico, a indemnizar um homem que culpa o seu contacto durante anos com glifosato pelo cancro terminal que desenvolveu. É a primeira decisão judicial de um caso que envolve os efeitos do herbicida para a saúde humana. Em reacção à sentença, a Bayer, que em Junho completou a aquisição da Monsanto, negou que o produto em questão seja cancerígeno e garantiu que vai recorrer da decisão.

Quanto ao uso de drones, peritos em relações internacionais citados pela BBC pedem cautela, argumentando que não se deve confiar na tecnologia para tentar resolver um problema que é social e político. A Colômbia tem tentado erradicar a violência provocada pelo tráfico de droga, nas mãos de grupos rebeldes marxistas, paramilitares de direita e gangues há anos.

Uma das mais célebres tentativas de acabar com a violência e o tráfico foi o acordo de paz assinado com as FARC em 2016. Mas, com o grupo fora do caminho, vários outros gangues apoderaram-se das antigas rotas de tráfico das FARC.

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