Crescimento do PIB acelerou no segundo trimestre

Houve uma variação de 2,3% em termos homólogos e de 0,5% em cadeia, segundo o INE

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Tiago Machado/PÚBLICO

A economia portuguesa teve um crescimento de 0,5% em cadeia e de 2,3% em termos homólogos, o que revela uma ligeira aceleração face aos dados dos primeiros três meses do ano (em que houve um crescimento do PIB de 0,4% e 2,1%, respectivamente), de acordo com os dados divulgados esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Na sua estimativa rápida, o INE afirma que, na comparação com o segundo trimestre do ano passado, houve um contributo mais positivo da procura interna "em resultado da aceleração do consumo privado". Já o investimento teve "um crescimento menos acentuado, determinado em larga medida pela diminuição da Formação Bruta de Capital Fixo" em material de transporte, que tinha tido um bom comportamento entre Abril e Junho de 2017.

Em termos da procura externa líquida (saldo das importações e exportações), esta "apresentou um contributo negativo idêntico ao observado no trimestre anterior", com maior influência das importações.

Ao nível dos serviços, a balança comercial de Portugal tem beneficiado do aumento do turismo (embora Junho tenha tido um comportamento negativo ao nível dos turistas estrangeiros), mas as exportações de bens têm enfrentado algumas dificuldades, como a continuidade da queda das vendas para Angola (que dura desde Novembro).

Em termos semestrais, houve uma descida de 1,7% nas exportações de bens para os mercados fora da União Europeia, que acabaram por ser compensadas pelos clientes europeus (com destaque para o T-Roc, o novo veículo que a Volkswagen produz na fábrica de Palmela tendo como principal destino a Alemanha)

Na análise ao comportamento da economia em cadeia, o INE refere que o contributo da procura externa líquida "foi ligeiramente menos negativo", reflectindo "a aceleração das exportações de bens e serviços" superior às importações. Já o contributo da procura interna, positivo, "manteve-se inalterado" no segundo trimestre.

O comportamento consumo privado tem sido suportado por factores como uma melhoria do mercado de trabalho, e alguma recuperação de rendimentos. De acordo com dados divulgados na semana passada pelo INE, a taxa de desemprego em Portugal caiu no segundo trimestre deste ano para 6,7%, registando-se nesse período menos 110 mil desempregados do que em igual período do ano anterior.

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O Governo já reagiu aos dados do INE divulgados esta terça-feira, com o Ministério da Economia a destacar que este foi o oitavo crescimento trimestral homólogo consecutivo acima de 2%. "É preciso recuar aos anos de 1999 e 2000 para encontrar uma situação igual", diz o ministério liderado por Manuel Caldeira Cabral.

O Ministério das Finanças opta por outras contas, sublinhando que este "é o décimo sétimo trimestre consecutivo de crescimento inclusivo", e que  acontece "num contexto de equilíbrio das contas externas e de gestão orçamental responsável". A estimativa do INE, destaca o ministério de Mário Centeno, mostra que se prossegue "a tendência de convergência com a União Europeia", e "está alinhada com as expectativas traçadas pelo Governo" para este ano.

O executivo estima que a economia cresça 2,3% este ano, de acordo com o Programa de Estabilidade apresentado em Abril.

Zona euro cresce 0,4% e 2,2%

O ritmo de crescimento da economia nacional foi superior ao da zona euro, que subiu 0,4% em cadeia e 2,2% em termos homólogos, tal como a totalidade da União Europeia. O destaque vai para a Alemanha, a maior economia do bloco, que cresceu 0,4%, quando a expectativa era de 0,3%. Ainda não há dados individualizados para todos os países (como a Grécia e a Irlanda), mas o maior parceiro comercial de Portugal, a Espanha, teve um crescimento de 0,6%, superior ao de grandes economias como a Itália e a França, que cresceram abaixo da média (0,2%, em ambos os casos).

De acordo com a Reuters, o crescimento da Alemanha, acima do que era esperado, tem por base o impulso do consumo e do investimento público, quando o modelo germânico é normalmente guiado pelas exportações.

Segundo a Reuters, os dados agora conhecidos da Alemanha, e da Europa, mostram que ainda não há efeitos visíveis das tensões comerciais — que envolvem os EUA —, e que o seu impacto poderá ser mais evidente dentro de alguns meses. Esta terça-feira, o Eurostat, o gabinete de estatística europeu, deu também a conhecer os dados da produção industrial referentes a Junho, com uma quebra em cadeia de 0,7% na zona euro (+2,5% em termos homólogos).

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